Aplicação e implicações do conceito de resiliência na prática de enfermagem/saúde

Abstract

RESUMO Objetivou-se apresentar o trabalho desenvolvido no âmbito do Grupo de Estudo e Pesquisa de Família, Enfermagem e Saúde (GEPEFES), o qual está centrado na produção de conhecimento acerca da saúde das famílias que vivem em contextos de risco psicossocial, numa perspectiva de resiliência. O estudo é de caráter qualitativo e foi desenvolvido com 32 famílias, em uma região no Sul do Brasil, no período de 2005 a 2007, visando desenvolver, implementar e avaliar estratégias de intervenção, favorecendo o processo de resiliência nos contextos familiar e social. Para a coleta de dados utilizaram-se entrevistas, observações e questionários. Os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande. Os resultados foram apresentados e discutidos através de três categorias: o contexto de vida das famílias como definidor dos limites do conceito de resiliência; a especificidade da intervenção de enfermagem nas famílias; e aplicações e implicações do conceito de resiliência para a prática profissional. Conclui-se que o trabalho com famílias em situação de risco psicossocial tem mostrado que, mesmo em contextos com altos índices de risco para a saúde e desenvolvimento humano, é possível realizar um cuidado com vistas a fazer aflorar suas capacidades numa perspectiva resiliente.

Compreendendo o exercício das competências parentais na família monoparental chefiada pelo pai

“…A baixa remuneração atribuída aos seus serviços faz com que passe a maior parte do dia em busca da subsistência da família, o que lhe restringe o tempo para compartilhar atividades e responsabilidades com o filho. A existência desse tempo e desse espaço para refletirem juntos sobre os acontecimentos e as mudanças da sociedade, para escutarem e discutirem opiniões, certezas e dúvidas sobre questões de interesse mútuo, é de suma importância para o exercício das competências parentais, pois potencializa o processo educacional, além de favorecer interações positivas entre pai e filho (2,3) . O terceiro fator que se coloca como desafio para o exercício das competências parentais são os padrões rígidos de educação adotados pela família em estudo.…”

“…Mediante a utilização do modelo de intervenção centrado na família, o cuidado se caracterizou pela mediação entre as necessidades e o desenvolvimento das competências parentais para ajudar o pai na construção de um "caminho" que possibilite o desenvolvimento do filho e da família monoparental (3) . No contexto apresentado, os recursos da família/rede social de apoio constituem uma base segura, com potencial para mediar ou moderar os efeitos dos desafios impostos a ela, uma vez que estão associados à satisfação das necessidades.…”

“…É um processo que mobiliza conhecimentos, crenças, valores, responsabilidades e a busca constante pelo aprimoramento de estratégias que integrem esse processo no próprio contexto onde ele se desenvolve. O desenvolvimento está, portanto, relacionado ao exercício das competências parentais (1)(2)(3) , que compreende papéis e tarefas relacionados aos cuidados com os filhos. Estes, por sua vez, estão embasados em um conjunto de saberes implícitos e explícitos acerca das necessidades dos filhos e das responsabilidades dos pais a partir dos quais esses últimos organizam sua conduta.…”

The route resilience of women victims of conjugal violence / O percurso de resiliência de mulheres em situação de violência conjugal

“…No âmbito da saúde se torna um aliado nos aspectos de promoção da saúde, pois facilita a compreensão da capacidade de enfrentamento em situações de risco relativas a algumas pessoas, e também àquelas que não conseguem responder da mesma maneira (2) .…”

Resiliência familiar e desenvolvimento humano: análise da produção científica

“…É consenso na literatura que o conceito de resiliência está concatenado a duas condições básicas: de um lado, o enfrentamento de uma experiência adversa, tendo implicações negativas sobre a saúde e o desenvolvimento humano; de outro, uma resposta positiva diante do sofrimento e da agressão a que a pessoa está exposta (Charepe & Figueiredo, 2010;Poletto & Koller, 2008;Silva, Silva, Dias, Medeiros, Silva & Botelho 2009;Silva, Lacharité, Silva, Lunardi & Lunardi Filho, 2009;Yunes & Szymanski, 2001;Walsh, 1996Walsh, , 2002. Além disso, a resiliência é entendida não somente como característica do indivíduo, uma capacidade inata, mas, sobretudo, a partir da interação dinâmica entre as características individuais e a complexidade do contexto social (Charepe & Figueiredo, 2010;Junqueira & Deslandes, 2003;Morais & Koller, 2004;Poletto & Koller, 2006;Seligman & Csikszentmihalyi, 2000;Silva, 2003;Yunes, 2003Yunes, , 2006Yunes & Szymanski, 2001).…”