O trabalho aqui apresentado foi desenvolvido no contexto da Educação a distância de jovens e adultos (EJA/EAD), oferecida de forma pioneira pela rede pública do Distrito Federal. Nele buscamos investigar de que forma as ferramentas disponíveis para a EAD podem ser utilizadas no ensino de Física, de modo a substituir: o excesso de definições e exercícios numéricos pela criação de discursos e conceitos; a mera transmissão/reprodução dos produtos/resultados da Física pela vivência de processos criativos; a visão das respostas certas e do pensamento convergente como única possibilidade pela valorização do erro e do pensamento divergente; bem como o foco nas experiências individuais de ensino-aprendizagem pela valorização das experiências interativas e dos encontros. Nesse sentido, inspirando-nos nos pressupostos teóricos dos filósofos franceses Gilles Deleuze e Félix Guattari, buscamos opor a um ensino de física "arborescente" (assentado na representação e no qual toda dissonância é considerada indesejada), um projeto "rizomático" no qual o conhecimento é deixado livre para crescer em todas as direções, através das conexões que se potencializam e se multiplicam quando paramos de aprisionar os processos de aprendizagem à camisa de força de um único caminho possível (com pontos de partida e chegada já determinados previamente).Desta forma, este trabalho apresentou a proposta de um movimento de desterritorialização, tanto em relação ao ensino de Física tradicional, quanto em relação ao tradicional uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC's) como meras substitutas da sala de aula presencial; movimento este que, em certo momento, passou a compor as três questões principais da pesquisa: por que e para quê "desterritorializar" no Ensino de Física, e qual direção atribuir ao vetor reterritorialização? O auge da busca por possibilitar essa desterritorialização foi a inclusão, no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), de quatro fóruns interativosjá não mais o local de os alunos darem as tão costumeiras "respostas certas", mas sim o local de criarem coletivamente e de produzirem e expressarem pensamentos. Houve também a criação de questões de prova semelhantes às propostas dos fóruns e a aplicação de um questionário de avaliação do curso, objetivando, sobretudo, obter pistas de outras duas questões de pesquisa: diante de um repertório mais amplo de atividades, como se dão as escolhas dos alunos em relação às atividades que lhes despertam mais prazer e em relação àquelas que mais lhes ajudam a aprender a Física? Conforme nossos objetivos iniciais, as respostas dos alunos foram, em vez de interpretadas, cartografadas, ou seja, em vez de nos aproximarmos dos discursos para nos apoderarmos deles, aproximamo-nos buscando ser afetados por eles, acreditando que, dessa maneira, podemos explicitar melhor as inúmeras possibilidades que surgem quando arriscamos o movimento de desterritorialização aqui proposto. Quanto aos termos desterritorialização, cartografia, aprendizagem rizomáticadentre outros que usaremos ao longo dest...