RESUMO
A escrita etnográfica como um empreendimento do trabalho antropológico vai além da utilização de métodos e técnicas para a sua construção. Neste sentido, o presente artigo busca refletir sobre os atravessamentos do trabalho etnográfico e como a trajetória do(a) antropólogo(a) afetam e influenciam o seu processo de escrita. Para tanto, serão problematizadas as questões que envolvem a “objetividade científica" nos textos acadêmicos a partir da análise do percurso metodológico e de escrita utilizados na monografia “Artesanato e Design de Superfície dos Bordados da Caatinga em Dom Inocêncio no Piauí”, para a conclusão do bacharelado em Moda, Design e Estilismo da Universidade Federal do Piauí, no ano de 2018. Serão abordados para fundamentação deste artigo os meios que envolvem uma escrita etnográfica localizada e corporificada, a partir das noções de objetividade cientifica feminista propostas por Donna Haraway (1995), dos sentidos que desencadeiam o olhar, ouvir e escrever levantados por Roberto Cardoso de Oliveira (1996), da construção do texto cientifico acadêmico a partir de um corpo marcado e de posicionamento defendidos por Silvana Nascimento (2019) e uma escrita etnográfica não como um método, mas como emaranhado de sentidos e afetações, como propõe Mariza Peirano (2014). Iremos também abordar questões sobre como a trajetória pessoal de uma pesquisadora-artesã atravessa processo de escrita dentro do campo antropológico.
Palavras-chave: Escrita etnográfica; Objetividade científica; Corpo marcado