Este artigo tem por objetivo discutir aspectos do ato de traduzir, quando pensados em consonância com as particularidades do campo da Educação Matemática em uma perspectiva filosófica. Assumindo-se que o texto traduzido diz quase a mesma coisa que o original e que esse é elaborado a partir de torções, rasgamentos e colagens de palavras que caracterizam uma topologia da tradução, deseja-se compreender, e quiçá demarcar, algumas limitações e potencialidades do ato tradutório de um texto de interesse à Educação Matemática, quando feito por quem está inserido neste campo e por quem é alheio às suas particularidades. Como elementos para a discussão, serão analisados dois trechos –originais e traduzidos– de obras de Lewis Carroll, a partir das teorias de Wittgenstein, sobre jogos de linguagem e semelhanças de famílias. Os resultados desta perquirição apontam para a necessidade de se incrementar os estudos tradutórios no campo da Educação Matemática enquanto objeto de pesquisa, negando a tradução como apenas uma parte utilitária de uma pesquisa em desenvolvimento, mas também como um exercício que mobiliza conhecimentos matemáticos linguísticos, filosóficos e culturais.