IntroduçãoAtualmente, o Mercosul é objeto de debate de diversos estudiosos de Integração Regional. A perspectiva de evolução para um mercado comum assinalada no Tratado de Assunção não foi implementada. A entrada da Venezuela como membro pleno, iniciada pela dimensão política, e ainda não concluída, também desperta reflexões. Um elemento importante que limita seu aprofundamento e consolidação diz respeito às percepções e expectativas diferentes que existem sobre o Mercosul no interior de seus Estados-membro perpassando tanto os diplomatas, burocratas de outras agências governamentais, acadêmicos e a sociedade em geral.Nos casos da Argentina e do Brasil, no decorrer da evolução do processo de integração, foram se desenvolvendo percepções diferentes no interior dos respectivos aparatos governamentais. No caso da Venezuela, com suas especificidades como país amazônico, andino e caribenho, a opção recente por entrar no Mercosul é baseada em uma dinâmica diferente em relação aos vizinhos do sul. 1 No que diz respeito a Argentina e Brasil, no início dos anos 90, quando é assinado o Tratado de Assunção, suas políticas tanto econômicas quanto externas experimentavam modificações importantes que tiveram impacto sobre o processo de integração. Neste mesmo período, a política externa venezuelana orientava-se mais para a região andina e o Caribe. As relações da Venezuela com os países do Cone Sul limitavam-se acordos * Professora do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade do Estado de Rio de Janeiro -UERJ e pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -CNPq (miriamsaraiva@terra.com.br). ** Professor pesquisador do Centro de Estudios de Fronteras e Integración da Universidad de los Andes, Mérida, Venezuela (bricenoruiz@hotmail.com) 1 Em função da candidatura da Venezuela como membro pleno, buscaremos analisar as percepções existentes em seu interior sobre integração regional, assim como as idéias que reorientaram sua política externa para o bloco.