RESUMODada a enorme complexidade dos ecossistemas e a disponibilidade limitada de recursos, os biólogos conservacionistas têm buscado estratégias para predizer a diversidade total de um ambiente, sem a obrigatoriedade de conhecer, individualmente, a diversidade de cada grupo de organismos do local. O presente trabalho faz uma revisão de estudos que abordam substitutos da diversidade, particularmente os dois tipos mais discutidos na literatura: táxons bioindicadores e abordagens em níveis taxonômicos acima de espécie. Vários estudos têm demonstrado que medidas de diversidade de diferentes grupos de organismos (p.ex.: riqueza de espécies, equitabilidade e composição específica) apresentam pouca ou nenhuma correspondência entre si. Isso gera muitos questionamentos sobre a validade da aplicação de substitutos da diversidade. Sabe-se que a correlação entre medidas de diversidade é influenciada pelo método estatístico utilizado, pelas escalas espaço-temporais, pelo tamanho do esforço amostral e pelo tipo de hábitat. Tais fatores, entretanto, têm sido negligenciados em alguns estudos. Até o presente momento, não há subsídios suficientes para instituir qualquer grupo de organismos como substituto incondicional da diversidade de outros grupos, nem como um subconjunto mensurável da diversidade regional. No entanto, por esta ser uma linha de pesquisa relativamente nova, os substitutos da diversidade ainda devem ser explorados, abordando outras medidas de diversidade, em escalas espaciais bem definidas, na tentativa de encontrar uma alternativa que permita sua aplicação visando o estabelecimento de áreas protegidas. Palavras-chave: bioindicadores; congruência; conservação; representante; riqueza.
ABSTRACT. BIODIVERSITY SURROGATES: FUNCIONALITY AND LIMITATIONS.As a consequence of the enormous complexity of ecosystems, and of the limited availability of resources, conservation biologists have looked for appropriate approaches to predict the overall diversity of an environment, without the need to individually know the diversity of each organisms group on a given area. This paper presents a review of studies on biodiversity surrogates, particularly the two types more discussed in literature: bioindicator taxa and higher taxa approach. Several studies have shown that diversity measures (eg, species richness, evenness, and species composition) exhibit little or no correlation among different organism groups. This has raised to many doubts about the validity of the use of biodiversity surrogates. It is known that correlation between diversity measures is influenced by the statistical method applied, by temporal scales, by the sampling effort, and by the habitat type. However, those factors have been overlooked in several studies. To date, there are no sufficient subsidies to define any organisms group as an unconditional biodiversity surrogate of others, or even as a measurable subset of regional diversity. However, this is a line of research relatively new, therefore it is still worth exploring the biodiversity surrogates, addre...