O objetivo desse artigo é analisar as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica instituída pela Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019. Por meio de uma problematização histórico-epistemológica, procura-se interpretar criticamente as principais categorias identificadas com o discurso neoliberal e com as políticas conservadoras, cuja orientação traz implicações conflitantes para o curso de Pedagogia e para a formação docente. Como ponto de partida, foram selecionadas referências que abordam o avanço da racionalidade economicista na educação no cenário internacional na virada do século XX para o século XXI. Dentre elas, destacam-se Khôi (1970), Apple (2003), Ball (2010) e Laval (2019). Os resultados atestam que a indústria do ensino caracterizada pela aplicação dos métodos e da terminologia economicista na educação visa uma escola centrada na ideologia da profissão, a fim de operar a maquinaria empresarial. Verificou-se ainda que a exigência de abordagem didático-metodológica alinhada à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) representa uma forma de controle pedagógico. Além disso, o uso estratégico da noção de competência profissional docente tem promovido a desarticulação da formação intelectual, cultural, política, científica e pedagógica referenciada na ciência da educação.