Às margens das margens: notas sobre as noções de patrimônio, memória social e performance na ciência da informação

Abstract

Resumo O tema sobre o qual versa este artigo gira em torno das noções de patrimônio e memória social. No desenvolvimento dessa reflexão entendemos ser um bom momento para apresentar alguns autores e perspectivas de abordagens referenciais dos estudos de performances no campo das ciências sociais brasileiras e mundial. Ao propor essa incursão teórica, temos em mente abrir uma discussão referente à potencialidade da noção de performance, pensada enquanto categoria analítica, para a empreitada dos estudos e das pesquisas realizados na Ciência da Informação cujo foco priorizado tem a ver direta, indireta ou transversalmente com a temática do patrimônio e/ou memória social. Convém ressaltar que a razão para escrever o presente artigo, chamando a atenção em especial para o conceito de performance, está relacionada com leituras de teses, dissertações e projetos de pesquisas da área da Ciência da Informação onde essa categoria aparece enunciada.

Veredas Dialógicas da Mediação: decolonialidade em Ciência da Informação

“…A teoria da mediação é uma das principais referências do diálogo que recentemente tem sido proposto na Ciência da Informação da noção de performance articulada com as teorias da colonialidade e decolonialidade, em torno do tema dos saberes tradicionais e diversidade epistêmica (Silva 2019). Conforme se apreende nas reflexões desse autor, a noção de performance tem a ver com as noções de patrimônio, memória social e mediações, compreendendo a incorporação e saberes e conhecimentos ancestrais.…”

Leitura, narrativa e mediação: reflexões sobre memória, informação e conhecimento

“…O número 451 representa a corporação de bombeiros e, na escala Fahrenheit, corresponde a 233 graus Celsius -temperatura necessária para que o fogo queime o papel e, no caso, os livros. As personagens protagonistas são: Montag (o Bombeiro), Linda (esposa de Montag) e Clarisse (professora) (SILVA, 2003).…”

“…As próximas reflexões terão como fio condutor as colocações de Silva (2003) sobre Fahrenheit 451, que propõe analisar: "aspectos relativos aos livros e à memória"; "questões referentes à proibição e à destruição de livros por regimes totalitários"; "a trajetória do personagem Montag e sua transformação em defensor dos livros"; e "as características da sociedade retratada no filme, especialmente seu apego à imagem e à informação oral" (SILVA, 2003, p.78).…”

“…A caixa de informações que serve para que vizinhos, amigos e os próprios familiares possam denunciar os que subvertem a lei por terem livros em sua posse mostra um pouco desse cerceamento. Silva (2003) destaca o poder que é atribuído ao livro nessa sociedade a ponto de serem considerados os elementos responsáveis pela infelicidade humana. Vistos como um dos tantos suportes da memória, os livros poderiam auxiliar no desencadeamento de lembranças e contribuir para que as pessoas tivessem contato com sentimentos do passado e outros talvez nunca vividos.…”

“…Ignorante sobre a questão, Montag acha a ideia muito estranha, uma vez que não tem nenhum conhecimento do passado. Como mostra Silva (2003), para Montag o dever do bombeiro era destruir o conhecimento, pois em Fahrenheit 451 as pessoas deveriam ser "ignorantes" para que a sociedade fosse igualitária.…”