A presente proposta traz como objeto de análise um enunciado produzido em repercussão ao acontecimento da entrega da faixa presidencial ao 39º Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrido em 1º de janeiro de 2023. Acompanha a imagem o enunciado “O Brasil toma posse de si mesmo”. Com amparo na teoria materialista dos processos discursivos, de Michel Pêcheux, propomos analisar o funcionamento político do corpo e o seu protagonismo nas relações de poder retratadas na cena discursiva em tela. Interessa-nos compreender a relação discursiva que pode ser estabelecida entre corpo, enquanto materialidade discursiva, e designação, enquanto funcionamento discursivo - tal como a noção teórica proposta por Guimarães. Nestas condições de produção, para este gesto de análise, a discursividade em pauta constitui um contradiscurso em relação aos discursos antidemocráticos representativos da extrema direita e do governo que findou no momento desta posse presidencial. Procuramos, portanto, problematizar, refletir e contribuir para a compreensão dos funcionamentos discursivos que movimentam sentidos sobre o Brasil, o brasileiro, a democracia brasileira, bem como as diferenças que constituem a brasilidade e atravessam nossa experiência social.