O povo indígena Tremembé habita o litoral oeste do estado do Ceará e apesar de terem sofrido com o processo de “caboclização” (OLIVEIRA JR, 1998), que negou a identidade indígena, dificultando o reconhecimento de suas identidades, conseguiram notoriedade social organizando-se em torno do seu ritual, o Torém. Ritual circular que evoca seres “encantados”, cantado em língua ameríndia e portuguesa, e no qual bebemsua bebida tradicional feita do caju, o mocororó. Objetivamos descrever a transmissão de saberes e a corporeidade que envolve a prática do ritual do Torém entre os Tremembé na Escola Indígena Diferenciada Maria Venâncio, localizada na aldeia de Almofala (Itarema-CE). O ritual perpassa a transmissão de saberes étnicos peculiares como o resgate linguístico, a autodenominação e afirmação identitária. Abraçamos no estudo a descrição de vivências e nos utilizamos de relatos orais de 5 indígenas. Apontando que este estudo contribui numa perspectiva de ampliação acerca do horizonte de significações sobre a corporeidade e instigando o debate sobre uma concepção ampliada de atuação intercultural em Educação Física. Concluindo que sua etnicidade está numa compreensão simbólica que os remete a unidade grupal e memória coletiva, sendo a escola o principal vetor de seus saberes, e o Torém como símbolo desta origem.