O profissional de enfermagem se constitui como um elemento central no que concerne à promoção de saúde da mulher. Nessa perspectiva, tendo em vista a centralidade da atuação do (a) enfermeiro (a), aliada à necessidade de uma formação profissional que propicie uma assistência qualificada dessa classe para a efetiva promoção das políticas de saúde para as mulheres, este estudo teve como objetivo analisar os conteúdos sobre saúde da mulher abordados em cursos de graduação em enfermagem no Estado do Ceará sob a perspectiva da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher. Para tanto, o percurso metodológico utilizado consistiu em uma pesquisa documental, descritiva e exploratória, realizada entre os meses de setembro a novembro de 2022, sendo identificadas cinco universidades que atendiam aos critérios de inclusão para o estudo. Os dados obtidos foram organizados no Excel e submetidos à análise descritiva para verificação das frequências. Dentre os principais achados, observou-se que temáticas relacionadas ao abortamento em condições de risco, assistência em anticoncepção, atenção obstétrica, doenças crônico-degenerativas e câncer ginecológico, saúde mental e gênero, infecções sexualmente transmissíveis/HIV/Aids, mortalidade materna e saúde das mulheres no climatério fazem parte, de modo predominante, dos componentes curriculares das Propostas Pedagógicas dos Cursos das universidades analisadas. Todavia, temas relacionados à violência sexual e doméstica, à saúde das mulheres em situação prisional, às indígenas, às lésbicas, às negras e às residentes e trabalhadoras em área rural são negligenciados pela maioria das instituições de ensino de enfermagem no estado do Ceará. Conclui-se que há falhas na abordagem integral à saúde da mulher nos projetos político-pedagógicos dos cursos de graduação em enfermagem analisados, evidenciando a necessidade de inclusão de temáticas relacionadas à violência de gênero e populações vulneráveis no contexto de formação acadêmica de enfermeiros cearenses.