A recente expansão do ensino superior foi acompanhada de uma maior democratização do acesso, legitimando grupos historicamente vulnerabilizados e excluídos. A COVID-19 impôs rotinas sanitárias que exacerbaram as vulnerabilidades, indicando a importância de avaliar a insegurança alimentar (IA) nos ambientes acadêmicos. O objetivo deste estudo foi estimar a prevalência de IA em universitários e avaliar os fatores associados ao perfil discente. Trata-se de um estudo transversal realizado na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, com 464 estudantes, a partir da aplicação de questionários do Google Forms, sendo utilizado o teste qui-quadrado e modelos brutos e ajustados de regressão logística (IC95%). A prevalência de IA foi de 67,0% (311), observando-se associação positiva com os seguintes parâmetros: negros (pretos e pardos) (p<0,001), sexo feminino (p=0,009), renda mensal familiar até 01 salário mínimo (p<0,001), não residir na zona urbana (p<0,001), ensino médio em escola pública (p<0,001) e o recebimento de auxílio permanência durante a pandemia (p<0,001). O estudo aponta para um agravamento da IA entre os discentes pretos mediante a análise de dados desagregados para a raça/cor da pele. Em conclusão, os discentes ligados a contextos sociais de maior vulnerabilidade foram sobremaneira impactados em sua segurança alimentar durante o período pandêmico.