Ativismo político de grupos religiosos e luta por direitos

Abstract

Os artigos do dossiê "Religião e luta por direitos" presentes neste volume de Religião & Sociedade examinam a participação de organizações e lideranças religiosas hegemônicas no Brasil, sobretudo cristãs, em disputas e controvérsias políticas por direitos. Revelam que seus agentes atuam em diferentes trincheiras e frontes, inclusive uns contra os outros, seja defendendo o direito à liberdade religiosa, os direitos sociais e o Estado de direito, seja se opondo a eles e a demandas por direitos sexuais e reprodutivos e aos Direitos Humanos de minorias, seja disputando a definição e interpretação jurídico-política do princípio da laicidade constitucional e sua aplicação nas diretrizes governamentais, nas políticas públicas, nos legislativos, na escola pública, e daí por diante.

Perfil de quem participa de atividades em grupo no Brasil: uma análise com base nos dados da Pesquisa Nacional em Saúde 2013

“…Brasil, 2013. Nesse aspecto, é importante acentuar aqui o ativismo político que grupos religiosos possuem em ações em prol de causas ideológicas conservadoras, principalmente quando se trata dos direitos sexuais e reprodutivos, influenciando decisões contrárias a causas feministas, direitos das minorias sexuais, aborto, fertilização in vitro, eutanásia e uso de células embrionárias em pesquisas (SALES; MARIANO, 2019).…”

Direitos e fé nas trajetórias de Benedita da Silva e Mônica Francisco: mulheres negras faveladas evangélicas e ideologia (anti)gênero

“…Mesmo após o fim do regime de padroado, atuou na definição do regime de relações entre Estado e religião, mantendo-se ainda hoje presente nas áreas de saúde, educação, lazer e cultura. Pierucci (1989) já apontava a concentração de deputados que comporiam a futura "bancada evangélica" na Comissão da Família, Educação e Cultura da Constituinte de 1986de -1987Mariano, 2019). 5 Queiroz (2019b) utilizou dados levantados por Lacerda (2017) e Marini e Carvalho (2018).…”

“Povos e comunidades tradicionais de matriz africana” no combate ao “racismo religioso”: a presença afro-religiosa na Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial

“…A expressão "povos e comunidades tradicionais de matriz africana" foi criada pelos afro-religiosos -não sem disputas e entraves -em um momento em que era crescente a influência evangélica na esfera política, especialmente, no Congresso Nacional, conforme apontam Lilian Sales e Ricardo Mariano (2019). Segundo os autores, em 2011, o governo Dilma começou a sofrer oposição dos evangélicos que já haviam tentado prejudicar a sua primeira candidatura à presidência da República difundindo acusações, boatos conspiratórios e persecutórios em igrejas e redes sociais religiosas.…”