A história humana é repleta de momentos em que os seres humanos entraram em embates devidos ao conflito nas formas de pensar e ver o mundo. Na raiz disso em geral estavam as percepções e interpretações atribuídas às diferenças observadas nos demais grupos sociais, peculiaridades que consideravam negativas em seus representantes, relativas a raças/etnias, gêneros, crenças religiosas, as características físicas apresentadas, os hábitos e costumes, as formas de se conduzir no grupo dentre outros. Muito do que desagradou e ainda causa celeuma diz respeito às formas, meios e tecnologias que foram sendo criadas com o estabelecimento dos indivíduos na vida em comunidades e sociedades, as quais os vários grupos foram desenvolvendo ao longo do tempo no compartilhamento de um espaço em comum.Originaram-se desse contexto e convivência a maneira de organizar o cotidiano: como a divisão social dos grupos, as relações entre eles, formas de trabalho e sua divisão, a atribuição e realização das tarefas, a produção e uso de vestuário e os modos de se apresentar aos demais. Entre as criações incluem-se também o criar e desenvolver meios de cura e tratamento dos males que acometem as pessoas, a divisão dos espaços, os meios e conteúdos de aprendizado do conhecimento acumulado, os valores, normas e leis, a criação de aparatos e práticas para coibir o indesejado, os mecanismos e pessoas com atribuição de responsabilidades para legislar em favor da segurança da comunidade e controlar o comportamento dos grupos, dentre outros.Esse conjunto exposto, na sua totalidade, conforma a cultura que se expressa na comunidade, na qual a política, segundo percepção própria, pode ser entendida como uma protagonista, integrante desse agregado, uma moldura de crenças, idéias valorizadas e dirigidas a influenciar as pessoas nas maneiras de se conduzir no individual e nas relações com outros humanos e em criar ou propor formas e meios de observar e julgar www.revistas.usp.br/smad