RESUMO Diante do crescente índice de adultos com Transtornos do Espectro Autista (TEA) que ingressam na universidade, este estudo buscou descrever a experiência acadêmica de seis estudantes, com esse diagnóstico, regularmente matriculados em uma universidade pública no estado de São Paulo. Foram realizadas entrevistas individuais que buscaram identificar tópicos relacionados ao ingresso na Graduação, permanência, acessibilidade, relacionamentos e sugestões de melhorias no contexto universitário. Pautado nos preceitos da Psicologia Histórico-cultural, utilizou-se da análise qualitativa dos relatos, em especial dos Núcleos de Significação, que se constituiu no estabelecimento inicial de pré-indicadores, seguido pela aglutinação desse conteúdo em indicadores, e a construção dos núcleos de significação. Como resultados, foram verificadas pobres experiências interacionais durante o Ensino Básico. Na universidade, as controvérsias entre o interesse pela Graduação e o despreparo do contexto universitário apareceram como fatores geradores de angústia e ansiedade associados às barreiras de permanência e à necessidade da conclusão do curso no prazo regulamentar. Identificou-se a necessidade de ajustes tanto no âmbito singular quanto no contexto social acadêmico, com destaque para a participação de estudantes com TEA, que ainda é pouco debatida e reconhecida, e para as adaptações ao meio, que recaem majoritariamente ao sujeito, na contramão dos preceitos da inclusão educacional.