Introdução: As intoxicações por medicamentos representam um grande problema de saúde pública no Brasil, o qual foi agravado por conta da pandemia, que influenciou no aumento da automedicação em virtude da superlotação de hospitais e fluxo de informações sobre uso de medicamentos “off-label” sem comprovação científica. Objetivo: realizar o levantamento dos casos de intoxicações por medicamentos no Brasil, nos anos de 2017 a 2022, no período que antecede a pandemia e durante o aumento de casos de COVID- 19. Metodologia: Foi realizado uma análise descritiva, de serie temporal, baseado nos dados do Sistema de Informação de Agravos Notificação (SINAN), disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), no qual foram analisados dados sobre intoxicação exógena que ocorreram entre 2017 e 2022, avaliando as circunstâncias, sexo, faixa etária, evolução e tipos de exposição. Resultados e discussão: Em 2022, houve o maior número de casos de intoxicação por medicamentos (103.648). Pessoas do sexo feminino representaram cerca de 73,44% dos casos de intoxicação por medicamentos e as intoxicações por medicamentos em circunstância das tentativas de suicídio representaram 70,3% desses mesmos casos. O predomínio da tentativa de suicídio pode estar relacionado a diferentes fatores, tais como desemprego, perda de renda e produtividade, em que os trabalhadores foram submetidos a interrupção das atividades laborais sem planejamento prévio ou reservas econômicas durante a pandemia de COVID-19. Conclusão: A pandemia da COVID-19 contribuiu para o aumento dos casos de intoxicação medicamentosa principalmente no âmbito das tentativas de suicídio e da automedicação. Dessa forma, é imprescindível a atuação do farmacêutico e demais profissionais de saúde, e a criação de políticas públicas voltadas à educação em saúde, com o intuito de reduzir os efeitos adversos e os riscos de intoxicações.