Desde os anos 70, houve um grande avanço no controle da transmissão dos vírus por transfusão sanguínea. Entretanto, a transmissão de bactérias permanece como um problema relevante na prática transfusional.
1Blajchman estima que, nos países desenvolvidos, o risco de se transfundir um concentrado de plaquetas contaminado por bactérias é 10 a 1.000 vezes maior do que a somatória do risco de se transfundir uma unidade infectada pelo vírus da imunodeficiência humana, vírus da hepatite B e vírus linfotrópico de células-T humanas.
2As possíveis fontes de contaminação bacteriana do sangue e seus componentes são: contaminação do local de punção, bacteremia do doador, contaminação de equipamentos e contaminação durante o processamento e estoque. De maneira geral, microorganismos oriundos da pele do doador, sejam eles transitórios ou residentes, são responsáveis por cerca de 90% das contaminações dos concentrados de plaquetas e 70% das contaminações dos concentrados de hemá-cias. [3][4][5] Portanto, a desinfecção da pele do doador constituise na medida mais importante na prevenção da transmissão de bactérias por sangue e componentes.Os fatores mais críticos que afetam a eficácia da desinfecção do local de punção são: o tipo e combinação dos desinfectantes utilizados, concentração e quantidade dos desinfectantes aplicados, tempo de secagem e metodologia na aplicação. 1 Embora a coleta de sangue de doadores seja um processo considerado simples e rotineiro, no nosso país há uma escassez de literatura médica abordando este processo. Neste fascículo, Fonseca et al. 6 avaliaram 363 doadores de sangue submetidos a quatro diferentes métodos de desinfecção. Os autores demonstram que a combinação de ál-cool etílico a 70% e agentes iodados (tintura de iodo e polivinilpirrolidona) foi mais eficaz na desinfecção da pele dos doadores de sangue do que o álcool a 70%, isoladamente, ou em associação com a clorexidina. Estes achados são de fundamental importância para tornar o processo de coleta do sangue mais seguro e eficiente, contribuindo para as boas práticas hemoterápicas, sem demandar grandes recursos financeiros. Ainda, a associação de álcool etílico a 70% e agentes iodados vai ao encontro das normas hemoterápicas nacionais que recomendam que a desinfecção da pele seja feita em duas etapas: degermação e antissepsia.Novos estudos abordando métodos de desvio do volume inicial coletado, treinamento e motivação dos flebo-