Resumo: A melhora na qualidade do serviço e resultados de pesquisas dirigidas a bebês que apresentem transtorno em seu desenvolvimento ou risco psíquico vêm alterando o perfil do paciente em Intervenção Precoce (IP). Estas mudanças estimulam os terapeutas ocupacionais a buscar interlocuções com outros campos, como a psicomotricidade. Este estudo objetiva apresentar uma construção teórica que defende a produção de uma Hipótese de Funcionamento Psicomotor para a clínica com bebê. Reúne conceitos clássicos e atuais importantes para a IP, como função materna e paterna, e a psicomotricidade, como Esquema (EC) e Imagem corporal (IC). Defende que a irregularidade psicomotora pode ser tratada a partir de uma Hipótese de Funcionamento Psicomotor, pois considera a singularidade da interpretação dos sintomas psicomotores como um anúncio do bebê sobre si e sobre o outro, pautado pelas relações familiares em que é estimulado a fazer/ser. A IC é interpretada à luz dos conceitos de função materna e paterna, para garantir o lugar de suposição de sujeito desejado. O EC é o funcionamento motor e cognitivo que anuncia o lugar psíquico em que a IC está sendo elaborada, rompendo com o tratamento comportamental para bebês. Sob a ótica de um terapeuta ocupacional, a clínica da IP construída por meio de aportes da psicomotricidade, tomada como um fazer/ser, pode ser utilizada para o tratamento de bebês que apresentam atraso no desenvolvimento, com sintomas motores, cognitivos e psíquicos que devem ser interpretados à luz de uma Hipótese de Funcionamento Psicomotor.