Nas últimas quatro décadas, no Brasil, um maior número de grupos indígenas passou a se autodeclarar e a reivindicar o reconhecimento de sua condição étnica e de seus direitos constitucionais, em um fenômeno nomeado de processo de indianização e/ou de fortalecimento da indianidade. No Piauí, destacamos os grupos da etnia Tabajara que se organizam por meio de associações indígenas, inaugurando um novo capítulo na história indígena piauiense, visto que, por muito tempo, a presença indígena no estado foi invisibilizada, silenciada e negada. Nesse bojo, o presente estudo buscou conhecer as condições sócio-históricas que contribuíram para o processo de indianização dos grupos indígenas da etnia Tabajara no Piauí. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com base nos estudos sobre produção de sentido no cotidiano. O estudo foi realizado nos municípios de Piripiri, PI, e Lagoa de São Francisco, PI, com 20 lideranças, mediante os seguintes recursos metodológicos: observação no cotidiano, conversa no cotidiano e entrevista semiestruturada. Em suma, observamos que, diante dos escombros do passado, os Tabajara buscam escrever sua história do presente, a partir do resgate histórico de suas raízes indígenas e da ação de mediadores, evocando e (re) significando fatos e acontecimentos que lhe são significativos e que fortalecem suas indianidades e sua ação política.
Palavras-chave: povos indígenas; memória; ação política; indianização.