RESUMOO objetivo deste trabalho foi descrever o processo de intervenção fonoaudiológica de dois irmãos com transtornos invasivos do desenvolvimento, por meio de um estudo longitudinal de caso clínico. Participaram dois irmãos, um de nove e outro de 11 anos de idade, ambos do gênero masculino, com autismo (Caso 1) e transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação (Caso 2). Como procedimento de coleta e análise de dados foi realizado um estudo longitudinal, por meio de acompanhamento dos casos ao longo de quatro anos de intervenção fonoaudiológica. Foram realizadas filmagens durante as sessões de terapia, análise documental de informações dos prontuários referentes à anamnese, avaliação e relatórios terapêuticos fonoaudiológicos, exames e avaliações multidisciplinares. Em ambos os casos houve melhora no contato visual, na interação social, no vocabulário e na brincadeira simbólica.No Caso 1 ocorreu aumento de 2,0 para 6,2 atos comunicativos por minuto, no Caso 2 de 3,5 para 8,0 atos e ambos demonstraram predominância do meio verbal e maior variedade de funções comunicativas. Outros fatores influenciaram estes resultados, como a deficiência intelectual, a dinâmica familiar, os conflitos no relacionamento entre os irmãos e o ambiente escolar em que estavam inseridos. Confirmou-se a relevância do fonoaudiólogo em intervenções nos transtornos invasivos do desenvolvimento, junto a equipes multidisciplinares, para a discussão diagnóstica e de condutas mais adequadas. Estudos longitudinais podem contribuir para uma análise mais detalhada e fidedigna de intervenções terapêuticas nesses casos, para esclarecer lacunas existentes na literatura e subsidiar a atuação do fonoaudiólogo clínico.Descritores: Transtorno autístico; Reabilitação dos transtornos da fala e da linguagem; Avaliação; Relação entre irmãos
INTRODUÇÃOO fonoaudiólogo, por tratar das alterações de linguagem, recebe diversos casos de crianças e adolescentes com transtornos invasivos do desenvolvimento (TID) que segundo a literatura (1) , se caracterizam por prejuízos severos e invasivos na interação social, na comunicação e presença de comportamentos, interesses e atividades estereotipados. Eles estão entre os transtornos de desenvolvimento mais comuns e referem-se a uma família de condições caracterizadas por grande variabilidade de manifestações clínicas que acometem mecanismos cerebrais de sociabilidade básicos e precoces (2) . Diversos autores apontam que a terapia de linguagem envolvendo crianças com transtornos invasivos do desenvolvimento deve enfatizar habilidades comunicativas, interacionais e cognitivas (3)(4) . Além disso, a inserção de um trabalho que envolva a família (5) , a escola (6) e uma atuação multidisciplinar colaborativa, pode contribuir de modo significativo para um melhor prognóstico em tais casos. Entre estes aspectos destacase a família como o primeiro sistema que traz implicações altamente relevantes para o desenvolvimento social, intelectual, afetivo e comportamental de seus membros (7) . Sabe-se que a iniciação das in...