Introdução: Síndrome do Choque Tóxico (SCT) é um processo autoinflamatório imunomediado, pouco frequente, mas clinicamente muito grave. Instala-se abruptamente e, comumente, leva a pessoa à morte em poucas horas. Um dos seus determinantes é a infecção por Streptococcus pyogenes. Não há relatos de epidemias desse agravo, mas surtos eventuais acontecem e estão aumentando de frequência. Este artigo relata uma experiência relacionada a um surto de SCT estreptocócico, vivenciada pelo Serviço Municipal de Vigilância Epidemiológica de São Carlos, SP, juntamente com o Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo. Relato de caso: Diante da morte de duas pessoas residentes no mesmo domicílio, ocorridas no mesmo dia em condições inusitadas e idênticas, estratégias epidemiológicas descritivas permitiram a aplicação imediata de medidas de controle e assistência. Dez dias depois houve a confirmação de que se tratava de SCT estreptocócico. Agravos emergentes e reemergentes têm exigido dos Serviços de Vigilância em Saúde um estado de alerta e agilidade no trato com problemas inusitados e agudos. A ferramenta disponível mais eficiente é, ainda, a epidemiologia descritiva, devido ao seu potencial para identificar os meios de controle de agravos antes mesmo do respectivo diagnóstico. Conclusão: Surto de SCT estreptocócico é um problema reemergente, vêm aumentando de frequência, ocorre abruptamente e apresenta elevada letalidade. É necessário, pois, especial atenção dos Serviços de Vigilância em Saúde a essa possibilidade diante da circulação de infecções por Staphylococcus ou Streptococcus ou quando ocorrerem óbitos concentrados a partir de eventos de rápida evolução clínica em pessoas previamente sadias.