As obras dedicadas à temática da bruxaria foram muito difundidas nos séculos XVI e XVII. Entre os artistas mais famosos por suas gravuras de bruxas estão Hans Baldung, Albrecht Dürer, Abraham Saur's e Gerald d'Euphrates. Nessas estampas aparecem mulheres velhas, de seios pendentes, pele enrugada e rostos grotescos, alternando com bruxas mais novas e belas, todas nuas, normalmente em episódios de sabbat, cozinhando poções, fazendo malefícios, desenterrando mortos, voando sobre bestas ou sendo levadas nas costas pelos demônios.As bruxas personificavam os medos da sociedade dos séculos XV e XVII e ganham conotações negativas por serem seguidoras do demônio, entregues à luxúria e à gula, porque nos seus rituais acabavam devorando crianças, adoravam o demônio e cediam aos vícios constantemente. Já no século VII a gula e a luxúria estavam associadas aos piores vícios, como se discorre no Poenitentiale, atribuído a Teodoro de Canterbury: "Da gula provêm a alegría inoportuna, a obscenidade, a frivolidade, a vaidade, as imundícies do corpo, a instabilidade mental, o desejo sexual... Da luxú-ria, a cegueira do espírito, a leviandade, a incoerência". A bruxaria era condenada como heresia. Como o inquisidor Bernard Gui observou aproximadamente em 1320, "a feitiçaria insinua o pacto, e o pacto insinua heresia que jaz sob a jurisdição da Inquisição".2 Acreditava-se em reuniões secretas, ritos de iniciação, adoração do Diabo, orgias, infanticídio e canibalismo, 3 temas estes presentes na iconografia da época. Tal atividade era vista como algo reprovável, como é ressaltado no Malleus Maleficarum, escrito em 1484:É preciso observar especialmente que essa heresiaa da bruxaria -difere de todas as demais porque nela não se faz apenas um pacto tácito com o diabo, e sim um pacto perfeitamente definido e explícito que ultraja o Criador e que tem por meta profaná-lo ao extremo e atingir Suas criaturas... [...] de todas as superstições, é mais vil, a mais maléfica, e mais hedionda -seu nome latino maleficium, significa exatamente praticar o mal e blasfemar contra a fé verdadeira. 4 Tal obra explica o horror que se sentia em relação à bruxa porque ela tinha de renunciar ao cristianismo, blasfemar, fazer um pacto e se entregar ao demônio, enfim, praticar o mal para poder obter benefícios: 5 Atentemos, em particular, para o fato de que para a prática desse mal abominável são necessários, do modo mais profano, renunciar à Fé Católica, ou negar de qualquer maneira certos dogmas da fé; em segundo lugar, é preciso dedicar-se de corpo e alma à prática do mal; em terceiro lugar, há de ofertar-se crianças não-batizadas a Satã; em quarto, é necessá-rio entregar-se a toda sorte de atos carnais com Íncu-bos e Súcubos e a toda sorte de prazeres obcenos. 6 A renúncia à fé católica, a prática do malefício, o sacrifício e o consumo de crianças, as orgias e todo tipo de luxúria eram atribuídos às bruxas, 7 acusações estas comuns das heresias. Acusações de orgia, incesto, infanticídio e canibalismo encontram-se nas cerimônias do Bacchanalia roma...