Violência contra a criança representa grave problema social e de saúde global. A legislação nacional prevê como dever da escola e de outros setores que integram a rede de proteção infantil, a adoção de ações articuladas e efetivas direcionadas a identificação e denúncia, bem como ao acolhimento e acompanhamento de casos suspeitos e confirmados de maus-tratos a esse grupo. Considerando esses aspectos, objetivou-se identificar se as temáticas “violência” e “violência contra a criança” são abordadas nos currículos dos cursos de graduação em Educação Física no Brasil. Para tanto, realizou-se pesquisa documental, de corte transversal e descritivo, em que foram analisadas matrizes curriculares e ementários de cursos de graduação em Educação Física, de Instituições de Ensino Superior (IES) públicas, localizadas nos Estados brasileiros e Distrito Federal. Identificou-se, na plataforma e-MEC, 2363 (100%) cursos de Educação Física, em que 182 (7,7%) foram incluídos como amostra para essa pesquisa, sendo aqueles de grau licenciatura, gratuitos e com turmas em andamento. Desses, a maioria (169;92,9%) é ofertada na modalidade presencial e, ao total, estão autorizadas 14.172 vagas anuais. Ainda, a temática violência não está presente na maioria dos ementários das disciplinas. Conclui-se que há fragilidades na abordagem de conteúdos relacionados ao enfrentamento da violência infantil na formação dos professores de Educação Física. Os maus-tratos infantis configuram-se em problema de saúde pública real, presente em todas as classes e altamente influenciado por vulnerabilidades sociais. Nesse sentido, destaca-se a necessidade de inclusão dessa temática na formação dos professores, de modo a instrumentalizá-los para a implementação de ações efetivamente capazes de prevenir e interromper o ciclo da violência contra a criança.