As imposições expressas por uma determinada sociedade, refletida em forma de agir, pensar e sentir, as quais apresentam-se marcadamente como fatores exteriores ao indivíduo podem exercer um poder imperativo e coercitivo da sociedade sobre eles. Tal perspectiva tem sido observada em pessoas em situação de rua (PSR). Esta pesquisa tem como objetivo uma análise reflexiva da Educação Física, em sua perspectiva pedagógica e sociocultural do corpo em movimento, tendo como base entendimento da PSR a luz do “fato social”. Os estudos que nortearam a pesquisa se fundamentaram em: evidências históricas e socioculturais do corpo na sociedade; aspectos pedagógicos da educação física; e as relações sociais construídas pelas PSR. O estudo utilizou-se de observação direta e elaboração de roteiros. Foram realizadas coleta de dados exploratória, por meio de leituras e análise do contexto social em que seriam realizadas as atividades e observações em contexto prático. A atividade proposta foi a Capoeira, por ser uma manifestação cultural que se aproximou mais das relações históricas e culturais de construção da identidade brasileira. A ação pedagógica atribuída se baseou nos componentes procedimentais, conceituais e atitudinais. Apesar de um repertório motor variado, a luz do “fato social”, foi observado que as PSR não são sequer percebidas pela sociedade. Destaca-se neste contexto, uma ruptura de identidade cultural associada à autoimagem, autoestima abalada e dificuldade de autoafirmação. Isso se reflete como ponto central para a integração social da PSR. Foi observado uma necessidade de um debate mais amplo sobre as possibilidades de estimular um espaço para “escuta” durante as aulas; inserir de forma indireta aspectos atitudinais e conceituais por meio das expressões corporais e músicas como uma forma de trabalhar autoimagem das PSR estudadas.