Características do ambiente alimentar comunitário e do entorno das residências das famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família

Abstract

Resumo Conhecer o ambiente alimentar a que as famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF) estão expostas é necessário para identificar a exposição a ambientes que favoreçam piores escolhas alimentares. O objetivo deste trabalho foi caracterizar o ambiente alimentar comunitário da zona urbana do município de Ouro Preto e do entorno das residências das famílias beneficiárias do PBF. Trata-se de um estudo ecológico, conduzido com dados do Sistema de Cadastro Único e da Secretaria Estadual da Fazenda, ambos de 2014, e do Censo 2010. Foram realizadas análises espaciais para avaliar as aglomerações de famílias beneficiárias e de estabelecimentos. Os setores censitários (SC) periféricos e com menor renda per capita apresentaram pouco ou nenhum local de venda de alimentos, bem como maior aglomeração de famílias beneficiárias do PBF, que estão mais próximas a estabelecimentos considerados não saudáveis (mediana: 65,73 metros). Verificou-se maior concentração de locais de venda de alimentos, sobretudo não saudáveis, nos SC de localização central e de maior renda per capita (59,2%). Nesse caso, torna-se relevante o diálogo com outras políticas públicas interrelacionadas com a nutrição, visando reduzir as iniquidades e contribuir para melhorar o acesso físico a estabelecimentos de venda de alimentos saudáveis.

Percepção dos residentes de favelas brasileiras sobre o ambiente alimentar: um estudo qualitativo

“…Neste estudo, os relatos mostraram diversas barreiras enfrentadas pelas pessoas que residem em favelas para acessar e consumir os alimentos. Além da falta de acessibilidade física e financeira aos alimentos saudáveis, os moradores dessas regiões precisam lidar com: a grande disponibilidade de alimentos ultraprocessados no ambiente, como citado pelos participantes dos grupos focais e evidenciado em diversos estudos brasileiros 35,36,37,38,39,40 ; a violência em suas vizinhanças; as muitas propagandas sobre alimentos não saudáveis, resultando em uma confusão no momento de escolher entre as opções 41 ; e o tempo despendido com o transporte entre a casa e o trabalho ou local de estudo, que resulta na falta de tempo para comprar e preparar alimentos, visto que gastam mais tempo deslocando-se para esses locais 42,43 .…”

(In)segurança alimentar e nutricional e fatores associados em famílias chefiadas por mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família

“…O que corrobora com a hipótese de que os indivíduos em IAN apresentam maior dificuldade de acesso aos ambientes alimentares adequados e saudáveis, considerando a qualidade, disponibilidade, preço e acesso facilitado aos alimentos. Esses obstáculos podem ser apontados como principais para o acesso adequado a alimentos in natura, como é o caso das frutas e minimamente processados [45][46][47][48] . É preciso ressaltar que quando se olha para a inflação acumulada em 2021, o item alimentação e bebidas tem 7,08%, os itens considerados como alimentação do domicílio 7,35% e as frutas que foram menos consumidas por quem enfrentava IAN grave, 4,40% [49] .…”

Social and ethnic-racial inequities in the occurrence of food deserts in a Brazilian capital

“…It was decided to use a composite indicator, the Health Vulnerability Index (HVI), to investigate possible social inequalities where there were food deserts. The HVI included eight variables assessed as environmental and socioeconomic dimensions, and it has been used in other studies (Almeida et al, 2021;Leite et al, 2021, Araújo et al, 2022. The environmental dimension included: percentage of households with inadequate water supply, percentage of households with inadequate or absent garbage collection services, and percentage of households with inadequate or absent sanitary sewer services.…”

“…In Brazil, although research on the food environment has expanded in the last decade (Jaime et al, 2011;Pessoa et al, 2015;Backes et al, 2019Almeida et al, 2021Leite et al, 2021, Araújo et al, 2022, studies on food deserts are quite recent. Only in 2018 the Brazilian government conducted a survey that proposed a methodology speci c to the country for mapping food deserts and identi ed the frequency of these deserts in Brazilian capitals (Caisan, 2018).…”