Introdução: quase metade da população mundial sofre incapacidade por problemas bucais. Na Argentina e no Brasil, a cárie dentária ainda é uma dificuldade a ser enfrentada, bem como a falta de acesso aos serviços de saúde bucal. Porém, há poucos estudos na literatura que comparem os perfis epidemiológicos e as políticas em saúde bucal desses países entre 2000 e 2020 à luz das metas internacionais. Objetivos: comparar os cenários socioeconômicos, os perfis epidemiológicos e as políticas em saúde bucal da Argentina e do Brasil, de 2000 a 2020. Materiais e método: neste estudo de caso, realizamos uma análise documental para comparar as políticas em saúde bucal de cada país com as Metas em Saúde Bucal 2020 propostas pela Organização Mundial da Saúde e outras organizações internacionais. Além do perfil epidemiológico em descrição tabular, comparamos os indicadores socioeconômicos para compreender o fenômeno da saúde bucal. Resultados: os achados revelam que as políticas em saúde bucal são mais robustas e articuladas no Brasil do que na Argentina. Os países apresentam perfis epidemiológicos diferentes. Enquanto os indicadores de saúde geral e educação são melhores na Argentina, os indicadores em saúde bucal e econômicos favorecem a população brasileira. Conclusões: o acesso público à saúde bucal teve uma importante diminuição desde 2016 em ambos os países, em coincidência com a implementação de políticas neoliberais que trouxeram o aumento da informalidade do emprego e da pobreza nesses países, o que pode aumentar a desigualdade na saúde bucal. Assim, os novos cenários políticos e econômicos colocam em risco a continuidade das políticas em saúde bucal.