RESUMOO aumento considerável da expectativa de vida dos pacientes infectados pelo HIV na era do tratamento antirretroviral de alta potência, resulta em importantes alterações metabólicas e osteoarticulares decorrentes do prolongado tempo de infecção viral e desse tratamento. As complicações ortopédicas mais frequentes são as alterações da mineralização óssea, a osteonecrose, síndrome do túnel do carpo e capsulite adesiva glenoumeral, com padrão de apresentação clínica, evolução natural da doença e resposta terapêutica diferentes daqueles da população geral. Os relatos da literatura são iniciais e a experiência do serviço multidisciplinar do Instituto de Ortopedia e Traumatologia da USP permite avanço no conhecimento das diversas patologias envolvidas e o desenvolvimento de protocolos de tratamento adequados a esses diagnósticos.
Descritores -HIV; Ortopedia; Diagnóstico
INTRODUçãOCom o aumento considerável da expectativa de vida dos pacientes infectados pelo HIV na era do tratamento antirretroviral (TARV) de alta potência, são observadas algumas consequências do prolongado tempo de infecção viral e desse tratamento. As consequências metabólicas ocorrendo nesse contexto são exploradas em várias publicações na literatura, principalmente a síndrome lipodistrófica. Atualmente, a observação crescente de alterações osteoarticulares nesses pacientes é objeto de estudo mais detalhado, no intuito da detecção de suas eventuais causas e abordagem terapêutica mais adequada.Dentre as complexas alterações metabólicas da infecção crônica pelo HIV e seu tratamento, observa-se diminuição da mineralização óssea em grande percentagem dos doentes, resultante de vários fatores presentes no próprio hospedeiro, no vírus e nos antirretrovirais (ARV). O osso é constantemente remodelado pelo sincronismo entre sua formação e reabsorção, que pode ser desregulado durante a infecção pelo HIV. Quando a mineralização óssea diminui, a osteopenia ocorre, podendo resultar em osteoporose.