No Brasil, a afeminação é o principal marcador usado para identificar a homossexualidade masculina, contudo os estudos de gênero/sexualidade não tomam a afeminação e os elementos a ela associados como uma categoria analítica decisiva, sobretudo no recorte das experiências urbanas. Neste artigo, objetivamos compreender os modos de opressão vividos e os modos de resistência de homens gays afeminados na cidade contemporânea. Para isso, realizou-se com gays afeminados, 8 entrevistas semiestruturadas e, posteriormente, um grupo de conversa com 5 outros participantes. Os resultados apontam para a relevância da compreensão interseccional dos marcadores da diferença, visto que ser negro, pobre, jovem e periférico funcionam como vetores da precarização da experiência urbana de homens gays afeminados, fazendo-os enxergar a cidade de forma temerosa e violenta. Contudo, os movimentos micropolíticos individuais e coletivos de autoafirmação, confrontamento e desobediência normativa sobre as expectativas de gênero e sexualidade abrem novas possibilidades de existência na cidade.