Fundamento: A ablação de fibrilação atrial (FA) sob uso ininterrupto de varfarina é segura e recomendada por especialistas. Entretanto, há controvérsia quanto aos anticoagulantes orais de ação direta para o mesmo fim.
Objetivo: Avaliar a segurança em realizar ablação de FA sob anticoagulação ininterrupta com rivaroxabana.
Métodos: Uma série de 130 pacientes foi submetida à ablação com radiofrequência da FA sob uso ininterrupto de rivaroxabana (grupo RIV) e comparada a um grupo-controle de 110 pacientes que a fizeram sob uso ininterrupto de varfarina (grupo VRF) e relação normatizada internacional (RNI) terapêutica. Analisamos morte, taxas de eventos
tromboembólicos, de sangramentos maiores e menores, níveis do tempo de coagulação ativado (TCA) e dose de heparina no procedimento. O protocolo da ablação consistiu basicamente em isolamento circunferencial das veias pulmonares guiado por mapeamento eletroanatômico. Significância estatística de 5% foi adotada.
Resultados: As características clínicas dos grupos foram semelhantes e a FA paroxística mais frequente (63% e 59%, grupos RIV e VRF). Um evento tromboembólico ocorreu no grupo RIV. Foram três pacientes com sangramentos maiores (RIV = 1 e VRF = 2; p = 0,5); nenhum óbito. A RNI basal foi maior no grupo VRF (2,5 vs. 1,2 ± 0,02; p < 0,0001), com níveis de TCA basal semelhantes (123,7 ± 3 vs. 118 ± 4; p = 0,34). Maior dose de heparina venosa foi utilizada no grupo RIV (9.414 ± 199 vs. 6.019 ± 185 UI; p < 0,0001) para manter níveis médios de TCA semelhantes durante o procedimento (350 ± 3 vs. 348,9 ± 4; p = 0,79).
Conclusão: Na população estudada, a ablação de FA sob rivaroxabana ininterrupta teve segurança equivalente à varfarina ininterrupta, com RNI terapêutica. (Arq Bras Cardiol. 2020; [online].ahead print, PP.0-0)