Este ensaio é fruto da experiência do autor como editor-chefe da RAE-Revista de Administração deEmpresas entre 2009 e 2015, e reflete a sua visão sobre a gestão do processo editorial científico, sobre mecanismos de disseminação da produção científica, sobre estratégias de internacionalização dos periódicos brasileiros e sobre a necessidade de uma política de internacionalização para os periódicos brasileiros da área de administração.Alguns dos temas expostos neste ensaio já foram apresentados, de uma forma ou de outra, em editoriais produzidos ao longo dos anos como editor-chefe e contam também com elementos coletados de alguns estudos existentes sobre gestão de periódicos e modelos de negócio relacionados a disseminação do conhecimento científico. Sem a pretensão de esgotar o tema, este ensaio quer apenas contribuir para o debate sobre a inevitável internacionalização da produção científica brasileira.Para entender a internacionalização dos periódicos brasileiros, é preciso aceitar que ela já está aí diante de nós, quer queiramos, gostemos ou não. Isso porque a internacionalização não é um projeto ou ação isolada de um periódico, e sim um contexto de produção acadêmica, da qual a disseminação do trabalho de pesquisa que compete aos periódicos é apenas um aspecto. Na prática, a partir do momento em que os pesquisadores brasileiros submetem seus artigos a periódicos estrangeiros, os periódicos brasileiros já estão em contexto de internacionalização.Para que não sejam preteridos diante de seus equivalentes internacionais, os periódicos nacionais têm que sair da condição de expectadores e desenvolver estratégias próprias de internacionalização. Isso significa criar ações que indiquem claramente como se posicionar para disseminar pesquisa científica de qualidade, seja ela produzida originalmente no Brasil ou em outros países.A despeito do modelo de incentivo para internacionalização dominante no Brasil, que prestigia, em geral, de maneira pouco criteriosa os periódicos internacionais em detrimento dos nacionais, existe a oportunidade para os gestores de nossos periódicos criarem estratégias compatíveis com os interesses de nossa comunidade acadêmica. Afinal, para que uma comunidade científica se desenvolva, é necessário que haja um número significativo de periódicos no seu entorno. Para além das estratégias individuais dos periódicos, nossa comunidade precisa de políticas institucionais que considerem o papel dos periódicos nacionais na internacionalização da produção científica brasileira. A certificação é a parte mais eminentemente científica do processo e é voltada para garantir a qualidade dos artigos, com foco na sua contribuição a um campo acadêmico. A certificação é capitaneada por um comitê científico comprometido e de reconhecida liderança em uma determinada comunidade acadêmica, normalmente composto pelo editor-chefe, editores associados e um corpo de revisores ad hoc. As atividades de certificação de um artigo são fundamentalmente apoiadas em trabalho voluntário de editores associados e revisores, de acor...