RESUMO -Contexto -O transplante hepático bem sucedido não apenas cura a doença hepática de base, mas rapidamente restaura a libido e a fertilidade nas receptoras. Apesar do número crescente de gestações bem sucedidas em mulheres transplantadas, tais gestações são consideradas de alto risco, pois associam-se a maior morbidade materno-fetal. Aquisição de evidência -Revisão de literatura indexada no MEDLINE (1978MEDLINE ( -2007 foi realizada empregando-se os termos "transplante hepático", "gravidez", imunossupressores", "função sexual". Artigos de revisão, estudos clínicos retrospectivos, estudos clínicos de seguimento de séries de pacientes e artigos originais, contendo observações de ciência básica relevante, foram incluídos. Resultados -Embora não haja padronização dos cuidados na gravidez em receptoras de transplante hepático, existem algumas "regras de ouro" para aumentar a possibilidade de evolução materno-fetal favorável. A maioria dos centros recomenda adiar a gravidez pelo menos por 1 ano após o transplante hepático, quando habitualmente a paciente se encontra com imunossupressão estabilizada e função hepática adequada, sem evidência de disfunção renal ou hipertensão arterial não controlada. Devido à frequência aumentada de prematuridade, baixo peso ao nascer, hipertensão arterial e pré-eclâmpsia, a gestação após transplante hepático é considerada de alto risco e deve ser rigorosamente monitorada por equipe multidisciplinar, incluindo obstetra com experiência em gestações de alto risco. Controle frequente dos níveis séricos dos imunossupressores é prudente para evitar rejeição do enxerto e drogas com potencial teratogênico devem ser interrompidas. Aleitamento materno não é incentivado devido à excreção das drogas imunossupressoras no leite materno. Conclusões -Gestação bem sucedida é a regra após o transplante hepático desde que sejam observados certos cuidados. Controle médico rigoroso por equipe multidisciplinar experiente aumenta as chances de evolução materno-fetal favorável. DESCRITORES -Anticoncepção. Gravidez de alto risco. Imunossupressão. Transplante de fígado.
INTRODUÇÃOO transplante hepático (TH) é o tratamento de eleição para insuficiência hepática avançada, quando as demais alternativas terapêuticas foram esgotadas. O TH, além de tratar a doença hepática de base, resgata vários aspectos que englobam o amplo conceito de qualidade de vida, incluindo a recuperação da atividade sexual e reprodutiva, frequentemente comprometidas nessa população. O retorno da fertilidade após TH bem sucedido é evidenciado pelo crescente número de gestações relatadas por diversos centros de transplantes (1,2,3,4,10,12,13,15,17,19,23,25,26,27) .Muitos aspectos devem ser considerados antes de se incentivar a gravidez em receptoras de TH. Questões como o intervalo de tempo entre o transplante e a concepção, orientações pré-concepcionais, condução do pré-natal, terapia imunossupressora durante a gestação, escolha da via de parto e amamentação devem ser planejadas e acompanhadas por equipe multidisciplinar. O objetivo da ...