Cidade, pedagogia e rap

Abstract

O rap é a banda sonora de muitas cidades, especialmente de certas zonas desfavorecidas nas cidades portuguesas. Os jovens usam a música para reverter a sua situação de marginalização, criticar a sociedade que os marginaliza, mas, também, como um veículo de mobilização comunitária. Assim, procuramos analisar as representações sobre a cidade evidenciadas em quatro canções rap portuguesas através das principais temáticas abordadas cruzadas simultaneamente com questões étnicas imanentes ao capital subcultural racializado. Esta análise é crucial para apreendermos a importância das criações artísticas contemporâneas de forma dialógica, como reflexo das complexidades societais e formas de representação e de intervenção sociais. Esta condição é outrossim uma demonstração das virtualidades do rap como instrumento pedagógico; mormente, como forma de promover o pensamento crítico e a intervenção política na linha de Freire (2005).

Orientare i giovani. Una responsabilità educativa e pedagogica per costruire traiettorie formative sostenibili

“…Group, held during the Workshop, which was based on a community mini-concert organized in a logic of co-creation-, held at the OUPA! Association, in the Cerco do Porto neighbourhood, and directed to the young people who participated in the initiatives, but also to other youngsters from the neighbourhood, with the intention of revealing the power of music as a form of resistance (Guerra, 2020a) and of social intervention. Thus, we propose a content analysis (Bardin, 1977) of the lyrics of the songs written by the young mentors of the OUPA!…”

“…Loic Waquant and Bourdieu (1992) invite us to overcome the conventional barriers between the social sciences, perceived as being the fruit of an arbitrary nature and a product of scholastic reproduction. Going further, the authors argue that one of the main errors of the social sciences concerns an uncontrolled relationship maintained by the researcher with their object of study, ignoring everything that the vision of the object owes to the position occupied by the researcher in the social space and within the scientific field itself, and with this harming its unveiling and its adequate treatment (Guerra, 2020a). Thinking about this topic, it becomes possible to highlight some aspects that, in our understanding, are in line with what we have tried to do with the elaboration of this article -that is, to fight against an artificial division between theory and empirical research, to the extent that this posture has led some researchers not to have a relation with a specific empirical object.…”

Barulho! Vamos deixar cantar o Fado Bicha. Cidadania, resistência e política na música popular contemporânea

“…Associar o termo queer ao Fado Bicha consubstancia-se no facto de estarmos perante o que consideramos ser uma forma de asserção política "radical" e de afirmação do eu (Valocchi, 2005), não só materializada numa estética visual e performativa, mas também nas letras das canções (Taylor, 2010;Guerra, 2020c). O pendor crítico e provocativo das músicas rompe, opondo-se, com o fado dito tradicional centrado em temáticas como a saudade, a nostalgia ou o ciúme.…”

“…Vamos deixar cantar o Fado Bicha. Cidadania, resistência e política na música popular contemporânea (Street, 2017;Guerra, 2020c;Garcìa e Feixa Pàmpols, 2020). A ideia de que a arte está ao serviço do ativismo e de uma cidadania ativa é, cada vez mais, elemento estrutural das identidades que mapeiam as sociedades contemporâneas.…”

ReXistências musicais entre arte e política

“…Continuando com a ligação entre a música e o ativismo, e ainda mobilizando questões de gênero e sexualidade, Paula Guerra reflete sobre o Fado Bicha, projeto no qual a música assume-se como a principal arma de combate (Guerra, 2020), sendo APRESENTAÇÃO DO DOSSIÊ | Rose Satiko Gitirana Hikiji, Vi Grunvald e Paula Guerra | ReXistências musicais entre arte e política utilizado como um veículo contestatário das desigualdades e dos preconceitos de género ainda embrenhados na sociedade portuguesa, fruto de uma repressão ditatorial de longo curso, bem como resultado de um passado colonizador. Novamente, a memória (Istvandity, 2022) e a tradição cultural assomam: representadas pela reapropriação de gêneros musicais tradicionais -masculinizados e segregadores -tais como o fado, que se assumem como a pedra de toque do artivismo dos Fado Bicha.…”