Desde o final do século XVII, Portugal e depois o Brasil disputaram com a França qual seria o limite das suas possessões no norte da América do Sul, numa região correspondente à cerca da metade do atual estado do Amapá. Em 1841, autoridades brasileiras e francesas acordaram que nenhum dos dois países teria governança sobre o chamado Contestado Franco-Brasileiro. Como resultado, aquela área se tornou abrigo para diversas comunidades de fugitivos, quilombolas e vilas que se administravam autonomamente. Assim, este artigo analisa as trocas comerciais estabelecidas entre os habitantes da província do Pará, Contestado e Guiana Francesa, investigando suas estratégias para burlar a fiscalização das autoridades brasileiras, e as tentativas destas visando conter ou ao menos controlar as redes de circulação e comércio ao longo da costa atlântica na Amazônia setentrional.