<p>As usinas hidrelétricas têm sido as responsáveis pela maior parte da energia elétrica gerada no Brasil. Além disso, há uma tendência de que a geração de energia elétrica seja ampliada no país, levando a um aumento nas construções de hidrelétricas. Observa-se que, como em outros tipos de empreendimentos, existe a presença de interesses antagônicos: de um lado temos o Estado e empresas privadas, e do outro, as comunidades atingidas. Considerando que esses empreendimentos são quase sempre justificados por um discurso de desenvolvimento, não se pode negar que a população atingida sofre diversos impactos e que geralmente tende a ser excluída do processo decisório. Essa ideia encontra-se oposta à noção mais ampla da Teoria dos <em>Stakeholders</em>, segundo a qual a empresa deveria considerar todos os atores envolvidos e/ou afetados pelas ações empresariais nas suas decisões, evitando conflitos e buscando promover o equilíbrio entre os interesses dos <em>stakeholders</em> e da própria organização (CINTRA <em>et al</em>., 2015). Esse trabalho tem como objetivo identificar e analisar as ações de negociação adotadas na implantação de um empreendimento hidrelétrico no sul de MG em relação aos seus <em>stakeholders</em>, apontando a participação dos atingidos, o acesso e transparência, e as relações de poder presentes no processo de negociação. Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa e que utiliza a técnica de análise de conteúdo. Os principais resultados demonstram que nesse processo de negociação houve pouca participação dos atingidos, pouco acesso e transparência a informações relevantes, além de forte presença de relações de poder.<strong></strong></p>