A síndrome de Turner ocorre em 1:2.000 a 1:2.500 meninas nascidas vivas e aproximadamente 2% delas conseguem se tornar grávidas naturalmente, sem intervenções assistidas. Para as que são inférteis, várias técnicas de reprodução assistida são utilizadas com sucesso, particularmente por meio de doação de óvulos. Entretanto, a gestação, natural ou não, apresenta elevada morbidade secundária a alterações hipertensivas e mortalidade por ruptura ou dissecção de aorta. Relata-se uma paciente com a síndrome, mosaico 45,X/46,XX/47,XXX, que teve gravidez natural, parto e puerpério sem intercorrências, o que a caracteriza, aparentemente, mais como exceção do que como regra nesses casos. Apresenta-se também uma revisão da literatura sobre gestação e síndrome de Turner, bem como a utilização de técnicas de reprodução assistida e discussão sobre questões legais e éticas que envolvem o emprego dessas técnicas nesse grupo de pacientes.
ABSTRACT
Turner syndrome and pregnancy: clinical, legal and ethical implications in the use of assisted reproductive techniques.Turner syndrome occurs in 1:2000 to 1:2500 live-born girls, and approximately 2% of them are naturally able to conceive. Many assisted reproduction tecniques, particularly oocyte donation, have offered infertile women with this syndrome the opportunity for childbearing. However, natural or assisted pregnancies in these patients are high-risk pregnancies, with increased morbidity from hypertensive disorders and maternal mortality due to aortic dissection or rupture. A natural and successful pregnancy is reported in a patient with Turner syndrome with mosaicism 45,X/46,XX/47,XXX which is apparently an exception not a rule in these cases. A literature review is presented about Turner syndrome and pregnancy risks and the assisted reproduction tecnique in current use and its associated ethical and legal issues in this specific group of patients are also discussed.