Especialistas atualmente concordam que a abordagem tradicional de gerenciamento de resíduos sólidos com foco no final da etapa do processo produtivo (abordagem linear) não é suficiente num cenário com restrição cada vez maior de recursos naturais e financeiros. Assim, as novas estações de tratamento de água (ETAs) e de esgoto (ETEs) devem ser projetadas levando em consideração a prioridade na gestão e no gerenciamento dos resíduos sólidos, preconizada pela política brasileira, da Europa, do Japão e da China: a não geração, a redução, a reutilização, a reciclagem, o tratamento dos lodos e a disposição final apenas dos rejeitos. Para as ETAs e ETEs existentes, usos benéficos devem ser priorizados sobre as formas de transferência ou de disposição final. Neste artigo, diversos usos de lodos de ETAs e ETEs são apresentados e discutidos em relação ao seu potencial de aplicação. Conclui-se que a maioria das pesquisas é realizada em escala de laboratório e não se avalia a viabilidade ambiental. Nos países em desenvolvimento, ainda é incipiente o uso de lodos, o que não acontece nos desenvolvidos, que tornaram o uso benéfico uma realidade há mais de uma década. É importante destacar também que não basta verificar a viabilidade técnica e ambiental do uso pretendido para que ele seja aplicado em escala real, pois os problemas logísticos, a relação custo-benefício e o atendimento aos interesses e restrições de cada ator envolvido no processo influenciam significativamente. Palavras-chave: Resíduos de tratamento de água. Resíduos de tratamento de esgoto. Reúso de lodo. Resíduos sólidos. Gerenciamento integrado de resíduos.