Coagulopatias associadas à infecção por COVID-19: uma revisão de literatura

Abstract

Objetivo: Revisar e analisar a fisiopatologia, o diagnóstico e o manejo do paciente que apresenta distúrbios da coagulação pela COVID 19. Revisão bibliográfica: A COVID-19 provoca no organismo humano uma resposta inflamatória profunda, que tem como consequência diversos mecanismos pró-coagulantes, podendo ser considerada uma endoteliopatia que repercute em aumento da ativação plaquetária e hipercoagulabilidade, levando às manifestações clínicas pró-trombóticas associadas à infecção. A coagulopatia associada a COVID-19 apresenta nos achados típicos um aumento da concentração de dímero-D, uma diminuição modesta na contagem de plaquetas e um prolongamento do tempo de protrombina. Em pacientes de gravidade leve ou moderada é recomendado a hidratação adequada, movimentação e a profilaxia pós alta. Essa profilaxia consiste no acompanhamento do risco trombótico quando se fizer necessário. Dessa maneira, deve ser individualizada por meio da análise da idade do paciente, existência de condição de mobilidade reduzida, TEV anterior, IMC >30 e câncer ativo ou outras comorbidades pró trombóticas. Considerações finais: O novo coronavírus provoca distúrbios respiratórios além de diversas manifestações sistêmicas como as coagulopatias. Dessa maneira, com adequado rastreio e medidas profiláticas, é possível diminuir as chances de complicações graves e melhorar o cuidado aos pacientes.

Extracellular vesicles are a late marker of inflammation, hypercoagulability and COVID-19 severity

“…Severe forms of coronavirus disease 2019 (COVID-19) are associated with exacerbated inflammation, involving cytokine release, endothelial dysfunction, and platelet activation, leading to a state of hypercoagulability. 1 Although COVID-19-associated coagulopathy (CAC) is similar to disseminated intravascular coagulation (DIC) and sepsis-induced coagulopathy (SIC), 2 some unique features are seen, such as elevated plasmas fibrinogen levels and increased factor VIII activity. 1 , 3 …”

“…These include elevated levels of factor VIII, fibrinogen, von Willebrand factor, and D-dimer; the presence of neutrophil extracellular traps (NETs); platelet activation; and the presence of circulating prothrombotic extracellular vesicles (EVs). 2 , 3 , 4 …”

Biomarcadores De Coagulopatia Em Pacientes Com Covid-19

“…Assim, a coagulopatia associada ao vírus pode ser considerada uma endoteliopatia, que repercute em hipercoagulabilidade, levando às manifestações clínicas pró-trombóticas associadas à infecção. (7) A coagulopatia relacionada à COVID-19 se apresenta como um aumento na concentração de D-dímero, uma diminuição modesta na contagem de plaquetas, alterações no tempo de protrombina e Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPA) mas com uma concentração média normal de fibrinogênio. (8) Apesar de haver disparidade entre estudos sobre a relação de cada marcador acima descrito e a COVID-19, é imperativo que a infecção pela COVID-19 está amplamente relacionada à cascata de coagulação, visto que afeta diretamente as células endoteliais, que expressam ECA-2, uma enzima que faz parte do mecanismo fisiológico renina-angiotensina-aldosterona.…”

“…(8) Apesar de haver disparidade entre estudos sobre a relação de cada marcador acima descrito e a COVID-19, é imperativo que a infecção pela COVID-19 está amplamente relacionada à cascata de coagulação, visto que afeta diretamente as células endoteliais, que expressam ECA-2, uma enzima que faz parte do mecanismo fisiológico renina-angiotensina-aldosterona. (7) Assim que o mecanismo renina-angiotensina-aldosterona sofre alteração, leva o sistema cardiovascular aos distúrbios de coagulação. As alterações clínicas e laboratoriais demonstram presença de coagulopatia em até 50% nos pacientes que apresentam manifestações graves da COVID-19, representando, portanto, a coagulopatia como um importante marcador de gravidade e de mortalidade da doença.…”

“…(12,13) Além disso, altas taxas de tromboembolismo venoso e de coagulação intravascular disseminada (CIVD) desencadeados pela infecção do novo coronavírus são reflexos de um estado de hipercoagulabilidade, de disfunção vascular e de hiperinflamação causados pela infecção de SARS-CoV-2. (7) O tempo de protrombina (PT) é um exame laboratorial que avalia a via extrínseca da cascata de coagulação, sendo que nesta os fatores II, VII e X são vitamina K-dependentes. Estudos apontam que em pacientes com COVID-19 em situação grave há um prolongamento do tempo de protrombina em comparação a pacientes não graves, o que evidencia a importância desse marcador.…”