resumoEm muitos setores significativos, mudou apreciavelmente o tom e a substância do discurso sociológico sobre o passado, o presente e o futuro da cultura em geral, sobre as instituições, o conteúdo das aspirações e relações individuais, e também sobre a matéria e a organização da ciência, da tecnologia e da epistemologia. O discurso da sociedade pós-moderna e, correspondentemente, os fenômenos de suporte intelectual e social oferecem algum crédito para os argumentos de que o mundo de hoje e os prospectos de amanhã estão em contraste radical, e mesmo em assimetria, com o mundo dos últimos dois séculos e meio. O propósito deste artigo é triplo. Primeiro, é necessário identificar os domínios específicos nos quais as alegações pós-modernas diferem das noções dominantes da representação moderna da sociedade e da ciência. Quais são as maneiras pelas quais a pós-modernidade forja conceitos substitutos e repudia conceitos da modernidade ou, de modo alternativo, até que grau procura-se construí-los em vista das recentes mudanças cognitivas, tecnológicas e sociais, mesmo se situando, todavia, no interior do quadro referencial da modernidade? Segundo, o que constitui a mensagem fundamental, cultural e cognitiva, da pós-modernidade? Em que tal mensagem rompe autenticamente com a modernidade e onde ela procura distintamente destruir os próprios fundamentos do pensamento da modernidade? Quais são as implicações putativas para a ciência, a tecnologia e a própria epistemologia? Finalmente, proporse-á aqui uma alternativa à análise pós-moderna, uma alternativa que depende de características bási-cas do pensamento moderno e que, entretanto, incorpora eventos que transformaram inegavelmente o homem, a máquina, o material e a epistemologia nas últimas décadas e que, desse modo, redesenha o mapa da modernidade especificando as componentes e os modos de interação e extensão alternativos. Essa hipótese pode ser vista como uma ponte entre a modernidade clássica e a pós-modernidade, e também como um desvio em relação a estas. Essa linha de pensamento pode ser, por ora, grosseiramente rotulada de "pós-pós-modernidade". A hipótese está baseada em uma "matriz de entrelaçamento", a qual mobiliza três noções fundamentais que são fortemente informadas pela experiência contemporâ-nea na ciência e na tecnologia, embora não exclusivamente por esses domínios. O lugar central atribuído aqui ao conhecimento e à epistemologia não é despropositado, em vista de sua primazia no fluxo da ação hodierna (na inovação, na vida diária, na política).Palavras-chave • Pós-modernidade. Modernidade. Weber. Lyotard. Latour. Jameson. Beck. Gibbons. Durkheim. Matriz de entrelaçamento.