Neste artigo, discutiremos, através de uma experiência compartilhada de pesquisadores indígenas Wai Wai e não indígena [karaiwa], a análise e classificação de artefatos cerâmicos arqueológicos Pocó e Konduri, que fazem parte da coleção da Casa de Cultura da Prefeitura de Oriximiná/PA. Essa diferença de olhares sobre as peças cerâmicas gerou interpretações diversas entre os autores indígenas e não indígenas, bem como entre os próprios indígenas. Além disso, ficou evidente que a perspectiva dos pesquisadores indígenas identificou uma grande diversidade de seres (animais, pessoas, “espíritos da floresta”). Essa variedade de seres identificados é fruto da experiência empírica da caça, do conhecimento de histórias e da absorção da paisagem. As interpretações indígenas são tão legítimas quanto as da arqueologia, e esse trabalho, em conjunto, mostrou que elas vão além da materialidade e morfologia, evocando histórias, sons e memórias individuais e coletivas.