RESUMOO artigo apresenta os campos constitutivos inerentes aos processos de Musealização da Arqueologia, apontando características dos percursos acadêmicos que têm registrado, problematizado e divulgado as experiências que entrelaçam a Museologia e a Arqueologia neste contexto. Explora, ainda, as intersecções e potencialidades dessas ações nos âmbitos institucionais de regramento preservacionista ou de ensino e pesquisa que têm pautado esses percursos no enfrentamento das questões de educação, patrimônio e desenvolvimento. Palavras-chave: Musealização da Arqueologia, Museologia, Arqueologia, Patrimônio ABSTRACT This article presents the constitutive fields inherent in Archaeology musealization processes, pointing characteristics of academics routes that have registered, questioned and released the experiences that intertwine Museology and Archaeology in this context. It explores also the intersections and potentials of these actions in institutional settings preservationist or teaching and research that have guided these pathways in facing the issues of education, heritage and development.
ApresentaçãoA história dos museus tem sido permeada por valores relacionados à ostentação, à opulência e ao poder. Enquanto herdeiros institucionais das atitudes e procedimentos que têm amparado o colecionismo, os museus atravessaram os últimos séculos amplian do as suas perspectivas de atuação, organizando as suas plataformas técnico-científicas e, sobretudo, pro curando definir a sua função social, por meio de dis tintos processos de extroversão.É verdade que a construção da memória museológica tem evidenciado a sua cumplicidade com roubos e saques, colonialismo e depredação, entre tantos outros aspectos que colaboram para o deli neamento de uma imagem difícil de ser assimila da e valorizada. Entretanto, a institucionalização deste tipo de tratamento da herança cultural tem contribuído para o desenvolvimento de diversas áreas científicas, para a conservação dos bens cul turais, como também, para a educação através do patrimônio.A partir de um olhar museológico é possível reconhecer que no Brasil, pelo menos há três dé cadas, inúmeras equipes de arqueólogos vêm rea lizando estudos sistemáticos com o objetivo de des velar o nosso passado.1Este processo, que tem envolvido as mais dife rentes estruturas institucionais e interagido com distintas camadas da população, fez emergir uma avassaladora quantidade de vestígios que teste munham e documentam os horizontes culturais dos grupos nativos que habitaram o território deste país. Por meio das mais diferenciadas intervenções, va lendo-se de prospecções e escavações, ou de cole ções já constituídas, é possível constatar que os estudos arqueológicos -responsáveis pela fidedignidade atribuída aos vestígios das sociedades que nos procederam -têm constituído um rico e multifacetado universo patrimonial. Desta forma, os arqueólogos têm assumido, também, maior vi sibilidade e compromissos sociais.2 Entretanto, muito dessa pesquisa ainda é im perceptível para aqueles que interpretam e cons tróem a história cultural brasileira e inatingível para a maioria da sociedade brasileira.Esta comunicação expõe este problema, deli mitado por fronteiras e barreiras de ordem museológica, considerando que, em grande parte a no ção de patrimônio3 arqueológico depende dos mu seus, o que nos leva a considerar que os processos museológicos são essenciais para a preservação patrimonial.Gostaria de sublinhar, preliminarmente, que es ta abordagem procurou rastrear, em especial, o iso lamento das instituições museológicas de Arqueo logia e quais são os seus desafios contemporâneos.A paisagem da nossa herança cultural musealizada -no que diz respeito aos vestígios das po pulações que antecederam a colonização -evidencia a necessidade de uma discussão a partir da conside ração de quatro segmentados de problemas, a saber:E necessário lembrar que a história das instituições museológicas, em geral, tem evi- 333
IntroduçãoObjetivando resgatar arqueologicamente as evidências diretas das práticas cotidianas, rotineiras e anônimas da sociedade do Rio de Janeiro no século XIX, vêm sendo realizadas intervenções sistemáticas em unidades domés-ticas de áreas urbanas, em unidades de produção e habitação em áreas rurais e em espaços funerários desse período, com vistas à obtenção de novos elementos para o entendimento do processo de instalação do modo de vida burguês, que antecede a implantação da ordem burguesa propriamente dita no país, uma das peculiaridades da nossa formação social.Considerando que nas primeiras décadas do século XIX esboçaram-se as condições que permitiriam, em meados do século, a eclosão do chamado ciclo do café, vem sendo pesquisada a ocupação do Vale do Paraíba à luz desse processo econômi"co. Um programa de prospecções e escavações intensivas está sendo conduzido em fazendas da região, unidades produtivas de café à época, investigando contextos da classe dominante, nas sedes, e da subalterna, nas senzalas.
ApresentaçãoAs premissas propostas pelos organi zadores deste seminário apontam para a perti nência da abordagem sobre o papel dos museus antropológicos na cena contemporânea e esti mulam os seus participantes a problematizarem sobre as questões que envolvem as distintas ca racterísticas destas instituições, a partir de um diálogo interdisciplinar e multiprofissional.Há, ainda, a solicitação de inserirmos em nossas reflexões um olhar especial para a dialética entre as ações curatoriais museológi-cas por um lado e, por outro, sobre o uso que os públicos têm feito dos museus. Sobretudo, a pauta deste evento nos impulsiona a conceber e sugerir proposições, notadamente, para os mu seus universitários brasileiros.Assim, constata-se que há uma cer ta orientação para que as nossas contribuições não descartem os problemas técnico-científicos existentes nas entranhas dos museus, mas sem abandonar a perspectiva pública que, cotidiana mente, traz inéditos desafios aos processos de musealização e aos respectivos profissionais en volvidos com estas realizações.Neste contexto, esta mesa foi organizada com o objetivo de sublinhar as potencialidades des tes museus no que se refere à construção das identi dades e delimitações da herança patrimonial, espe cialmente as inspiradas em coleções etnográficas. Respeitando as premissas do programa deste Seminário e procurando permear os cami nhos que valorizam a inserção da singularidade do olhar da Museologia neste contexto, a reflexão ora apresentada foi elaborada e organizada levan do em consideração dois vetores de análise.No primeiro segmento, considero per tinente a abordagem sobre o perfil dos cenários museolósicos estruturados em tomo de estudos e discursos antropológicos que, por sua vez, têm construído suas interlocuções com as socieda des a partir de acervos etnológicos, em especial provenientes de sociedades indígenas.Trata-se, principalmente, de uma análi se que emerge da verificação sobre os processos museológicos que, ao longo do século XIX, fo ram se distanciando dos argumentos implícitos aos então tradicionais museus de história natural e enciclopédicos, para iniciarem uma rota per meada pelas especializações, pelas etnografías singulares e monografias temáticas. Estes, ao longo do século XX, ensejaram novos modelos de musealização, propiciando a interlocução com muitos campos de conhecimento e procu rando outros caminhos para o diálogo com seus públicos, chegando ao século XXI ainda nos surpreendendo pela vitalidade e capacidade de se reinventar.Em um outro segmento de análise, cabe a reflexão sobre as lósicas que têm assegurado à musealização da Antropologia ou Antropolo gia musealizada, a potencialidade de preservar os sentidos e significados de olhares, que muitas vezes são expressões de estranhamento, outras vezes de noções de pertencimento, de identidade , ou ainda, dando a perceber olhares explícitos e decorrentes de aprisionamentos, colonizações e de múltiplas nuances de poder. Neste contexto, merece atenção a problematização sobre o papel das expedições em rela...
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