As mulheres, assim como outros grupos de minoria, foram constantemente silenciadas. Atualmente, o campo literário é um espaço que possibilita essas manifestações. Este artigo tece reflexões sobre a literatura contemporânea de autoria feminina no Paraná a partir da análise de algumas personagens do romance As filhas de Manuela (2017), da escritora paranaense Bárbara Lia. Buscamos discutir acerca da literatura contemporânea de autoria feminina e voltar nossa atenção para os conceitos de identidade, exemplificando com passagens sobre a personagem Manuela, e representação, enfatizando os dois extremos opostos que permeiam a maneira tradicional de representar a mulher: a mulher-anjo, que remonta à figura de Maria (com a personagem Miquelina) e a sua antítese, a mulher ligada ao pecado, muitas vezes a prostituta, em referência à Eva expulsa do Paraíso (com a mãe biológica da personagem Maria Teresa). Por meio dessa análise, é possível compreender que a escritora paranaense constrói personagens subversivas, que contrariam as representações femininas canônicas. O arcabouço teórico é composto, principalmente, pelos textos de Agamben (2009) e Schollhammer (2009), discutindo o conceito de contemporâneo; Teixeira (2008, 2009) e Zolin (2009, 2019), abordando a escrita de mulheres; Hall (2006) e Bauman (2005), refletindo acerca das identidades; Chartier (1991) e Dalcastagnè (2007, 2012), versando sobre representação.