Desde 2017, após um massacre em uma unidade prisional, a presença de facções criminosas na Amazônia tornou-se objeto de interesse nacional, alimentado, nos anos seguintes, por outros eventos e pesquisas que aproximaram segurança pública, defesa nacional, proteção social e meio ambiente. Este ensaio problematiza esse interesse em dois movimentos, sustentado por pesquisas realizadas desde a década passada no estado do Amazonas. O primeiro oferece uma crítica à maneira colonialista como as violências locais são pensadas por discursos exógenos à região, sobretudo ao diagnóstico da “ausência de Estado” e da “expansão das facções”. Em seguida, apresentamos um conjunto de problemas de pesquisa que guiam nossos trabalhos, a respeito dos mercados ilegais, das formas de presença de estado e das violências que incidem sobre corpos e populações indígenas, negras e periféricas. Ao fim, defendemos a necessidade de investimentos em pesquisa sobre esses temas na região e a importância de uma produção de conhecimentos aliançada a movimentos sociais.