O presente ensaio tem por intento refletir sobre as relações intersubjetivas e intrassubjetivas do morar, analisando as dicotomias de gênero, sob a égide interdisciplinar, destacando a contribuição da Arquitetura – a partir de uma Teoria da Casa, associada à teoria psicanalítica –, bem como do Direito e do Serviço Social, através da discussão das políticas públicas voltadas para o combate da violência de gênero no âmbito doméstico e das garantias constitucionais. A problemática parte de dois pressupostos, o primeiro é a metáfora freudiana de que a Casa é o sucedâneo do útero materno e, portanto, configura-se – mais do que um abrigo – um lugar de “amparo”. O segundo reporta à desigualdade de gênero no acesso à moradia digna – adotando como centro referencial o (des)amparo freudiano – que se constata, sobretudo, a partir da violência doméstica contra a mulher. Para tal, o ensaio adota um caráter teórico e qualitativo, nutrindo-se de fontes bibliográficas e doutrinárias.