Do que me recordo, desde a infância, demonstro certo desafeto com a indiferença e a desigualdade. Em determinada ocasião, ainda muito menina, acompanhei minha vó em uma consulta médica. Daquele dia, trago em minha memória seu rosto cansado, sua frágil saúde e o demasiado tempo que permanecemos naquele lugar. Horas de espera que, para uma criança, se tornaram tortura e, ao mesmo tempo, uma oficina para imaginação. Afinal, porque todo esse atraso? Eu sabia que ela estava doente. Parecia-me até cruel deixa-la ali. Eu observava a porta abrir e fechar, aguardando que chamassem pelo seu nome. Como um enfermo poderia esperar por tanto tempo para ser atendido? Já impaciente, encontrei a solução: "vó, quando crescer, eu vou estudar pra ser doutora. Vou deixar a porta sempre aberta. Ninguém precisa esperar do lado de fora. É só entrar! (...)" E a vida, com seus inexplicáveis caminhos, seguiu seu percurso e me trouxe até aqui. Talvez, naquele momento, esse processo tenha se iniciado. Das lições e experiências que vivi, trago a importância da sensibilidade para lidar com o outro, sobretudo com aqueles que estão fora dos holofotes sociais. Falo da minha vó e de tantos outros. Falo do mais vulneráveis, dos pequeninos, dos excluídos e marginalizados. Hoje, não tenho dúvidas sobre minha profissão, meu papel, meu lugar e da metáfora que construí sobre a minha vida naquele dia. Assim, sem me esquecer de onde vim e em memória da minha querida vó Ana, dedico o meu trabalho a estas pessoas que outrora estavam esquecidas. Pelos ideais de minha profissão e pela incansável busca por uma sociedade com oportunidades mais igualitárias, que eu me torne a ponte de acesso e acolhimento para eles. As portas estarão sempre abertas!
AGRADECIMENTOSTransbordando gratidão, reconheço que o findar deste processo se concretizará devido aos grandes encontros que tive. Eu vi, vivi e senti o cuidado de Deus (com a minha vida), todos os dias, por meio das pessoas que Ele colocou no meu caminho. Estou certa que não foram coincidências, mas encontros marcados para que eu pudesse compartilhar experiências, construir amizades e crescer. Sei que todos que passaram deixaram algo em mim. E, de forma singela, agradeço de todo coração.Dos muitos privilégios que tive na vida, destaco a minha família, que me permite viver em um lar baseado no afeto, no amor e no cuidado. A minha mãe, o meu pai e o meu irmão, juntos, me ensinaram a sonhar e me deram todas as possibilidades para alcançar cada um dos meus sonhos. Também mostraram que eu deveria, sempre, me lembrar de onde vim e porque estou aqui. Sou infinitamente grata pela essência que transmitem e que me alcança.Agradeço também a minha família estendida. São todos muito queridos e me apoiaram de inúmeras maneiras para finalizar esta missão, seja por meio das orações ou pelo compartilhamento de alegrias. Em especial a minha tia Cida e a minha prima Michele.Todo meu amor e gratidão às amizades que diariamente me ampararam: Bella, a minha primeira, grande e incrível amizade da graduação; a Glau, meu grande encontro do ...