A etnobotânica enquanto ciência tem revelado em todo mundo um quantitativo importante de espécies vegetais utilizadas no tratamento de diversas doenças. Na América Latina a maioria destes estudos é referente às plantas medicinais. Tratando-se das patologias vinculadas ao sistema urogenital, em áreas do Nordeste brasileiro têm sido descrito um número significativo de espécies vegetais. Nesse sentido, considerando a necessidade na ampliação destas informações em localidades ainda não estudadas, como os consultórios, o presente estudo tem o objetivo de registrar o conhecimento relacionado ao uso de plantas medicinais no tratamento de infecção urinária, incontinência urinária, doença renal crônica, hipertrofia prostática, câncer do trato urogenital masculino e feminino e cálculos renais. O estudo foi conduzido nesses espaços por meio de entrevistas semiestruturadas direcionadas a pacientes e formulários online aos profissionais urologistas. Foram entrevistados 76 informantes (61 pacientes - 29 pacientes do consultório de Guarabira, 12 pacientes do consultório de João Pessoa e 19 do Hospital Universitário; e 15 médicos). Além disso, o valor de uso (VU) das espécies vegetais foi calculado no intuito de quantificar a importância local das plantas na visão dos entrevistados. Foram registradas 61 espécies de plantas utilizadas no tratamento de infecção urinária, incontinência urinária, doença renal crônica, hipertrofia prostática, câncer do trato urogenital masculino e feminino e cálculos renais. De modo geral, a prática é atualmente desenvolvida em maior representatividade por pacientes, a maior parte dos médicos urologistas entrevistados não costumam utilizar, nem indicar o uso de plantas medicinais no tratamento das doenças avaliadas, contudo a maior parte não contraindica. Considerando a prática popular em se utilizar plantas medicinais, o reconhecimento destas por parte do Ministério da Saúde e o despreparo de alguns profissionais da saúde em lidar com a temática, são necessários estudos capazes de reconhecer as espécies utilizadas pelas populações e respectivas práticas envolvidas, bem como diagnosticar a eficiência ou não destes medicamentos tradicionais, a fim de preparar os profissionais da saúde para apontarem espécies que possam servir como forma alternativa de uso no tratamento de doenças que acometem o sistema urogenital.