As chuvas influenciam a dinâmica hidrológica nos rios amazônicos (enchente, cheia, vazante e seca). A dinâmica hidrológica influencia os organismos aquáticos e na infraestrutura logística, econômica e social das populações que habitam as margens dos rios amazônicos. Assim, estudos que investiguem a relação da precipitação pluvial com o nível fluviométrico são necessários para entendermos essa dinâmica e melhorarmos as previsões dos modelos regionais de chuva-vazão. Para este estudo foram utilizados dados mensais de precipitação pluvial (PRP), número de dias com chuva (NDC) e nível do Rio Tapajós das estações fluviais e pluviais localizadas na cidade de Santarém-PA, os dados foram obtidos junto a Agência Nacional de Águas, para o período de janeiro de 1980 até dezembro de 2015. Foi calculada a correlação cruzada com os dados não normalizados, para identificar a defasagem com máxima relação entre a PRP/NDC e o nível do Rio. Em seguida, foram normalizados as médias anuais de nível, para identificar anos com o nível abaixo, dentro e acima da média e por último foram calculadas médias mensais para cada uma das 3 categorias, e aplicado o teste t-student. Entre os principais resultados encontrados pode-se destacar: I) Os diagramas de caixas ('boxplot') mostram que todas as variáveis estudadas apresentam sazonalidade bem definida. O nível do Rio Tapajós apresenta período de máximos entre os meses de abril a junho, mínimos outubro a dezembro, e períodos de transição de janeiro a março e de agosto a setembro. Já a PRP e NDC apresenta pico entre janeiro a maio, estiagem de agosto a dezembro e transição em junho e julho; II) A correlação máxima entre PRP/NDC e Nível é máxima com defasagem de 3 meses, com valores superiores a 0,6 muito maior do que os 0,3 da defasagem '0'. Assim, apresentou grande dependência temporal de 2 a 3 meses entre a chuva a cota. A cota máxima do Rio Tapajós sofre grande variação nos anos de eventos extremos (estiagem ou chuva acima da média), quando se afasta da média histórica até 1 m, porém, o mesmo não se verifica para a cota mínima, que permanece dentro da média histórica em anos de eventos extremos. Definiu-se o período hidrológico da região: cheia (abril a julho), vazante (julho a setembro), seca (outubro a dezembro), enchente (janeiro a março). O estudo demonstrou haver um padrão consistente e previsível de variação sazonal do nível fluviométrico do Rio, e sua relação direta com a pluviosidade. Essa previsibilidade pode ser importante ferramenta para a população, no planejamento anual das atividades econômicas de pesca e agricultura de várzea, de lazer, turismo e transporte fluvial. Pode também orientar com antecedência as intervenções necessárias do governo municipal na orla da cidade, que frequentemente sofre inundação no período de cheia, podendo minimizar os danos causados.