O presente artigo tem como objetivo promover diálogos sobre educação matemática inclusiva a partir de pesquisas narrativas materializadas por meio de dissertações e teses. Para tanto foi realizada uma revisão de literatura do tipo sistemática em repositórios nacionais e internacionais. Foram utilizados descritores previamente definidos e um operador booleano. Após aplicação dos critérios de busca e seleção foram selecionadas pesquisas, sendo cinco teses e oito dissertações. Nessas treze produções, destacam-se pesquisas narrativas junto a estudantes apoiados pela Educação Especial, como surdos, deficientes visuais e autistas, assim como de seus responsáveis, tutores e professores, de estudantes da Educação de Jovens e Adultos, e de adolescentes que cumprem medidas socioeducativas em regime de internato. Os resultados indicam que a pesquisa narrativa se mostra bastante adequada ao contexto da educação matemática inclusiva por dar protagonismo às pessoas que colaboram com essas pesquisas, que fazem parte de diferentes grupos de vulnerabilidade social, visibilizando-as e permitindo uma compreensão mais real dos processos de exclusão/inclusão narrados. Além disso, constatou-se que as histórias de vida, apresentadas por meio das narrativas, trouxeram materialidade às discussões teóricas no campo da educação matemática, em especial sobre formação de professores, processos inclusivos de grupos historicamente marginalizados, educação de jovens e adultos e currículo. Apesar dos diferentes diálogos estabelecidos, o termo inclusão, dentro das pesquisas narrativas, ainda remete a ideia de deficiência. Com isso apontamos dois aspectos que carecem atenção nas futuras pesquisas em educação matemática: necessidade de extrapolar o entendimento de inclusão para além do público-alvo da educação especial e descolar a matemática de um lugar único e neutro e posicioná-la em diálogo com questões sociais que ganham vida a partir de histórias de vida narradas por pessoas que vivenciam/vivenciaram processos exclusivos. Esses movimentos de deslocamentos podem promover novas concepções sobre o ensino e a aprendizagem de matemática num contexto inclusivo e lançam um olhar mais amplo para a inclusão no campo da educação matemática. Por fim, destacamos a urgência e importância de trazer pessoas historicamente marginalizadas para a centralidade das discussões em educação matemática e promover produções “com” essas pessoas e não “sobre” elas.