Condições de trabalho de entregadores via plataforma digital durante a COVID-19

Abstract

Esta pesquisa teve o objetivo de identificar os impactos da pandemia da COVID-19 nas condições de trabalho dos entregadores via plataforma digital. Participaram 298 trabalhadores em 29 cidades, que responderam questionário on-line por meio da ferramenta Google Forms. Para a disseminação do questionário foi utilizado o método “bola de neve”, em que integrantes de diferentes redes sociais respondem ao questionário e o encaminham para outras redes. Os resultados revelados apontam para a manutenção de longos tempos de trabalho, associado à queda da remuneração desses trabalhadores que hoje arriscam sua saúde e a de suas famílias, no desempenho de um serviço essencial para a população brasileira, ao contribuírem para a implementação e a manutenção do isolamento social no contexto da pandemia. Em relação às medidas de proteção, os trabalhadores as vêm tomando e as custeando por conta própria. A grande maioria dos entrevistados afirmou adotar uma ou mais medidas de proteção na execução de seu trabalho, enquanto as medidas adotadas pelas empresas concentram-se na prestação de orientações.

‘Just because you don't see your boss, doesn't mean you don't have a boss’: Covid-19 and Gig Worker Strikes across Latin America

“…In Brazil, the number of food orders through platforms increased by 77 percent in March and April (Larghi, 2020). Research has revealed that food delivery couriers are working harder but earning less than they used to, as gig workers' ranks swell with the wave of newly unemployed (Abilio et. al., 2020).…”

As condições de trabalho dos entregadores e entregadoras por aplicativos no Brasil durante a pandemia

“…Entre os respondentes das pesquisas de Abílio et al (2020) e Filgueiras e Lima (2020), as pessoas do "sexo feminino" representam percentuais de 5,4%, e 4%, respectivamente. Constata-se assim a prevalência de homens jovens pardos exercendo o trabalho como entregadores de delivery por aplicativos.…”

“…Em pesquisa de abrangência nacional com ênfase em grandes cidades, com 270 entregadores e entregadoras, Abílio et al (2020) assinalam uma queda significativa de remuneração na pandemia. Os resultados revelam que 47,4% declararam rendimento semanal de até R$ 520 (o que corresponderia a aproximadamente R$ 2.080 O mundo pós-covid mensais), e 17,8% obtiveram renda de até R$ 260 por semana (aproximadamente R$ 1.040 mensais).…”

“…Por outro lado, é necessário ater-se aos impactos da crise sanitária sobre a jornada de trabalho. A inquirição de Abílio et al (2020) demonstrou que a percepção dos entregadores e entregadoras é que o crescimento da jornada está relacionado ao grande número de contratações durante a pandemia, o que provocou a diminuição das entregas por trabalhador. Assim, para manter os rendimentos, é necessário laborar mais horas.…”

“Não fale em crise, trabalhe” e a reforma trabalhista

“…De acordo com Abílio et al (2020), 83,3 % dos trabalhadores entrevistados têm medo de se contaminar com o vírus e 88,9% utilizam o álcool-gel como recurso de prevenção à covid-19. Em meio a essas condições de produção, os entregadores de aplicativo instituíram uma greve em 1 de julho de 2020, com o apoio dos sindicatos de trabalhadores e movimentos políticos de esquerda, a fim de que as empresas de aplicativos oferecessem condições de trabalho, neste período pandêmico, para a sobrevivência desses trabalhadores.…”