Para assinalar os 50 anos de ensino da Psicologia em Portugal, ou seja, o nascimento do ISPA, iremos reflectir sobre este meio século de estudos e trabalhos no âmbito da psicologia cognitiva, nomeadamente no domínio do raciocínio dedutivo, revendo as principais tarefas utilizadas para o estudar, bem como as principais teorias psicológicas que o explicam. Na parte final, apresentaremos o nosso contributo mais recente neste domínio. É na segunda metade do séc. XX que acontece a chamada revolução cognitiva, pelo que a sua história é quase concomitante com a da psicologia em Portugal. É nos anos 50 que surgem os pioneiros da psicologia cognitiva, marcando uma enorme distância conceptual relativamente ao comportamentalismo. O interesse já não é o da mera descrição de regularidades, mas sim o de compreender os fenómenos psicológicos, voltando a colocar no seu vocabulário científico tudo o que o comportamentalista Watson (1930) havia retirado, por considerar termos subjectivos, ou mesmo concepções medievais (e.g., percepção, imagem, propósito, pensamento, emoção). Apesar de a Psicanálise ter já há muito tempo realçado o papel dos processos que não são imediatamente observáveis na vida psicológica, é só com o ressurgimento da psicologia cognitiva que os processos mentais voltam a ser o objecto da Psicologia. Se falamos em ressurgimento é porque o interesse sobre os processos mentais é anterior à época do comportamentalismo, mas ficou como que obscurecido durante algumas décadas. Embora, como refere Miller (2003), o interesse pela mente nunca desapareceu da psicologia social ou clínica, e apenas os experimentalistas americanos é que acreditavam que o comportamentalismo funcionaria.
Palavras
359A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para: Ana Cristina Quelhas, ISPA -Instituto Universitário, Rua Jardim do Tabaco, 34, 1149-041 Lisboa.