Defeitoscongênitos são anormalidades estruturais ou funcionais presentes ao nascimento, que acometem os sistemas parcial ou totalmente. Dentre estes defeitos, encontramse os gêmeos siameses, que podem ser gerados pela união de dois organismos ou por porções do corpo parcialmente duplicadas (Dennis e Leipold, 1979).Os gêmeos siameses e as duplicações embrionárias são representados por uma série progressiva de malformações, desde duplicação parcial de parte do corpo até a formação quase total de dois organismos (Mazzullo et al., 2003). A duplicação craniofacial ou diprosopia enquadra-se nesse grupo de malformações, apresentando-se desde uma simples duplicação nasal até duas faces completas em uma única cabeça -diprosopia monocéfala - (Potter e Craig, 1975), que é considerada uma forma de gêmeos siameses. Na diprosopia, a região cefálica e as estruturas faciais mostram duplicidade, sem que haja separação das duas cabeças, e quase todos os casos apresentam um padrão monomórfico (Carles et al., 1995). Ainda, há dois eixos completos da notocorda no interior de uma coluna vertebral, o que difere da dicefalia, em que dois eixos vertebrais completamente separados e paralelos estão presentes (Spencer, 1992).Gêmeos siameses são descritos em todas as espécies animais (McManus et al., 1994), enquanto a diprosopia ocorre em gatos, veados, caprinos, ovinos, ratos e bovinos (Camon et al., 1990) e é mais comum em ovinos (Dennis e Leipold, 1979).Uma bezerra da raça Holandesa PB, recém-nascida, com duplicação da face e duas calotas cranianas fundidas, formando uma só cabeça, foi trazida ao Laboratório de Patologia Veterinária -UFPR -Campus Palotina. O animal apresentava dificuldade respiratória e morreu logo após a sua chegada.As duas faces apresentavam padrões morfológicos similares, com duplicação das estruturas nasal e bucal, a cabeça do lado direito apresentava lábio leporino. Esse achado é semelhante ao descrito em casos de diprosopia em humanos (Al Muti Zaitoun et al., 1999) e bovinos (Gudev e Gadzhev, 1980). A fossa nasal e a parte anterior da língua encontravam-se duplicadas. A língua estava unida na parte posterior, e havia acúmulo de muco na sua base. As estruturas da nasofaringe, laringe e esôfago eram únicas. Descrições similares foram feitas por Carles et al. (1995). Foram observados quatro olhos (subtipo tetraoftálmico) com os dois olhos mediais fundidos (Fig. 1). Poucos casos foram descritos com esta fusão ocular (Charles et al., 1989). De acordo com Barr (1982), a duplicação dos olhos e do nariz implica duplicação da porção principal do prosencéfalo, que poderia levar ao aparecimento de três ou quatro vesículas ópticas.